terça-feira, 17 de março de 2009

Uma Lenda de Amor


O vento
era amoroso pai
de um jovem e belo cantor
que tendo erguido
as pestanas
e desvendado, ao olhar
uma princesa encantadora,
apaixonou-se
loucamente...
Como loucos tornam-se
todos os apaixonados,
enfrentou riscos e decretos,
costumes e vetos,
sendo também
correspondido...
Os Corações abertos
em vasos comunicantes,
faziam do tocar e do ouvir
a linguagem universal
da música,
sua especial comunicação...

Orei,
pai da jovem, irado
com o sentimento brotado
entre o plebeu e sua filha,
mandou encarcera-la
e, não satisfeito, cruelmente,
mandou atirarem
o corpo do bardo
de um altíssimo penhasco...
Em algumas versões,
contam que o próprio malvado
jogou o moço, com ele,
a alegria de viver da filha.
O corpo do rapaz
não foi depois encontrado:
diz a lenda que o vento,
seu pai,
rugindo sua dor,
amorosamente,
levou-o para bem longe
do local da tragédia...
Uma deusa, penalizada,
deixou, no entanto, viva
a voz doce
do infeliz amante...
A princesa chorava de saudade,
desesperadamente,
pedindo aos deuses
alguma coisa que fosse
do bem amado e,
sacrificado
à sanha do rei malvado.
Então, um monge
iluminado,
de alta magia
e de criatividade
dotado,
inventou uns sinos do vento
que recolhesse,
do ar,
a voz do moço a cantar
eternamente.
Assim, a amada
pôde ouvir as notas musicais,
consolada
a alimentar-se do quase nada
transformado
em tanto...
E, assim nasceram
os sinos do vento,
que a menor brisa
tilintam
alegrando
como um encanto
nossos corações...

( Clevane Pessoa - 03/05/02)

(Comentário da Web Developer: Que coisa maravilhosa, Clevane! Agora sempre que ouvir meu
mensageiro do vento, vou me lembrar dessa estória.)