quarta-feira, 17 de março de 2010

Alberto Peyrano



Alberto Peyrano, seu Canteiro de Versos e minha entrevista a ele
por Clevane Pessa







Fotos:

Clevane Pessoa(foto clicada por Karina campos e recortada por Allez Pessoa).


Alberto Peyrano


Adorei o resultado dessa entrevista que fiz, por e-mail, com Alberto Peyrano - Poeta, Cantor de Tangos, Psicanalista e Tarólogo -entre outros "que fazeres" mais.Ele anicersariava.
A entrevista está em seu Canteiro de Versos(http://canteirodeversos.blogspot.com
blog que ele generosamente usa para abrigar poetas-onde florescemos, à luz de seu sol particular.(*)

Clevane

N:Não resiti e trouxe para cá também um comentário, o de Ógui L.Mauri, pela propriedade do mesmo, seu amigo.


Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

"OBRIGADO QUERIDA AMIGA
CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO LOPES"
(Alberto)





ENTREVISTA DE CLEVANE PESSOA DE ARAÙJO LOPES À ALBERTO PEYRANO:


1) Alberto Peyrano, você é poeta e a música exerce uma grande influência em sua vida artística.Em que ponto Poesia e Música se entrelaçam?

R: Sou um cantor popular, ou seja: do povo. Amo a música de minha terra e sinto que do meu trabalho artístico tenho algo para dar aos demais. Como poeta, pude ou tive a sorte de encontrar músicos que identificaram sua criatividade com minha poesia e assim surgiram canções que amo muito. Penso que desde o momento que uma canção tem letra, naturalmente o músico esperou pelo poeta ou o poeta foi ao encontro do músico. Todo cantor tem como missão na vida transmitir a mensagem do poeta que escreveu a letra. Um cantor popular não deve deixar-se levar ou cantar só porque a música lhe agrada. Isto às vezes ocasiona desastres, pois o cantor pode cantar e interpretar muito bem, não desafinar, mas sua mensagem não conseguirá transmitir todo o sentimento do compositor, por não ser uma obra sua. E isto acontece com artistas que às vezes têm um sucesso temporário e logo caem no esquecimento, enquanto quem transmitiu verdadeiras mensagens humanas através de sua voz, quem fez sua cada palavra de uma letra, passou-a por seu coração, colocou seu sentimento e depois, cantando, a deu ao público, esse é um artista que para sempre será respeitado.

2) Fale de suas raízes: há artistas e poetas em sua família?

R: Na minha família não temos antecedentes artísticos. Por isso eu tenho sido sempre a "ovelha negra" dos Peyranos. Rssssssssssssssssssss

3) O que representa o tango em sua vida, além de ser um gênero essencial aos argentinos?

R: Além de o tango ser "a voz de Buenos Aires" e de toda a área do Rio de la Plata, pois falando em tango devemos nos unir sempre com Montevidéu, esta música tem algo especial que a faz única. Primeiro, não é música folclórica, suas origens estão nos bordéis portenhos do século XIX, também seus compositores e letristas são conhecidos, isto os afasta da música folclórica, a qual geralmente tem raízes anônimas que se perdem na obscuridade dos tempos. Segundo, o tango cantou sempre ao homem e à mulher de sua cidade, por este último aspecto o poderíamos qualificar como "música social". E, terceiro, o tango nunca se afastou de sua paisagem cidadã, de suas origens (poderíamos compará-lo com o fado português, de Lisboa, pois tem uma estrutura genética parecida). Com estes três elementos juntos, contamos com uma expressão genuinamente cidadã focalizada nas duas ribeiras platinas. Quando em 1973 eu cheguei a esta cidade, tinha incorporada certa cultura tangueira provindo das vivencias familiares e de meu povoado natal onde meus conterrâneos gostavam muito de Tango.

Ademais eu vinha de uma província onde, na minha região, juntam-se três correntes musicais. 1) a da vasta planície pampa úmida com zambas, milongas, gatos, cifras e estilos, essas lindas músicas tradicionais dos gauchos argentinos, 2) a litorânea, com chamamés, rasguido-dobles, valseados e polkas e, 3) a platina com tango. Assim, essas raízes batiam muito forte em meu coração. Mas, quando comecei a me dar conta do gigantesco compromisso que o Tango tinha adquirido com sua geografia e seu caudal humano, não passou muito tempo e acabei me casando com ele, pois encontrei uma perfeita ressonância em meu interior.

Assim, o Tango representa para mim uma definição como ente humano, um ponto de partida que significou a mudança fundamental na minha vida, com 29 anos, e por outro lado é um perfeito canal para minha expressão interior e me permite dizer ao homem e à mulher platina suas verdades mais profundas.

4) Onde nasceu? Qual a sua ordem de nascimento? E o dia/mês?Tem irmãos? Pais vivos?

R: Nasci em Peyrano, na província de Santa Fé, uma área de cereais, de imigrantes italianos e espanhóis, onde a terra dá os melhores frutos do país. Meu vilarejo está distante 300 km de Buenos Aires, na área chamada de "Pampa Úmida". Eu nasci em 14 de junho de 1945 e sou o filho mais velho. Depois seguiram meus irmãos Lucy e Raúl. Meus pais, lamentavelmente, já faleceram.

5) Em que época a identidade de Poeta ficou clara em sua vida?

R: Quando ainda era uma criança, escrevia poemas para minha mãezinha e para meus mascotes. Mas, me senti realmente um Romeu à idade do amor na adolescência. Meus sentimentos eram manifestados em poesias que eu escrevia para minhas namoradas. Mas, me defini conscientemente como poeta quando minha poesia começou a se unir com a música, a partir de 1978. Foi nesse tempo que eu deixei de ser o centro de mim mesmo e comecei a observar o que estava a acontecer na sociedade e em meus semelhantes, assim foram surgindo poemas de caráter mais universais e mais humanos.

6) Fale um pouco de "TANGO QUE FUISTE Y SERÁS". Como acontece?O que faz cada um dos artistas?

R: Há um poema de Jorge Luis Borges titulado "Alguien le dice al tango", no qual ele lhe fala ao tango e identifica seu ser mesmo com essa música. "Tango que fuiste y serás" é a última linha desse poema.

Meus companheiros e eu decidimos nomear assim ao nosso show, pois os versos de Borges definem ao tango essencialmente unido com Poesia. A partir dessa base idealizamos e geramos o show que estamos representando há três anos com Ricardo Lister e Susana Corsini. Os três somos muito diferentes, mas temos um enorme compromisso com a voz de Buenos Aires. O repertório que temos desenvolvido toma uns 70 ou 80 anos de tango, da década dos 30 até hoje.

Cada um de nós canta cinco tangos e sempre convidamos um cantor ou cantora diferente para compartilhar o show e que também canta cinco tangos. O show é composto com um acervo de 20 músicas, um poema, um tango de abertura executado pelos músicos e um tango de despedida cantado por todos, "Tango que fuiste y serás" passou a formar parte das nossas vidas e este ano o estamos oferecendo uma vez a cada mês no Teatro Colonial de Buenos Aires.

A partir deste ano, o poema de Borges foi incluído no show e eu o declamo. O poema diz assim: "Tango que he visto bailar / contra un ocaso amarillo / por quienes eran capaces / de otro baile, el del cuchillo. / Tango de aquel Maldonado /con menos agua que barro, / tango silbado al pasar / desde el pescante del carro. / Despreocupado y zafado, / siempre mirabas de frente / tango que fuiste la dicha / de ser hombre y ser valiente! / Tango que fuiste feliz / como yo también lo he sido, / según me cuenta el recuerdo... /El recuerdo fue el olvido... / Desde ayer cuántas cosas / a los dos nos han pasado, / las partidas y el pesar / de amar y no ser amado... / Yo habré muerto y seguirás / orillando nuestra vida. / ¡Buenos Aires no te olvida, / tango que fuiste y serás!

7) O que mais gosta de fazer, naturalmente motivado?

R: A diversidade é minha lei, gosto de fazer muitas coisas e às vezes diferentes coisas ao mesmo tempo. Gosto de escrever e cantar, mas também gosto de estudar e pesquisar, me aprofundar em um tema (a Net tem me auxiliado nessa necessidade). Assim como muitos, adoro ouvir música, ler, assistir filmes, ir ao teatro, porém, uma das coisas que mais gosto é viajar e conhecer outros países. Conhecer uma cidade, uma região, um povo e seus costumes, indagar sobre sua cultura, isso significa uma aventura extraordinária para mim. E caminhar, caminhar muito, onde quer que eu esteja isso me faz muito feliz.

8) Você exerce outra profissão além das relacionadas ao radialismo, à poesia, à arte?

R: Eu sou psicanalista. Graduei-me na Universidade de Rosário em 1973. Depois, segui profissionalmente a teoria de Jung dentro da Psicologia e isso me levou a estudar Astrologia. Assim, ganhei os diplomas de Astrólogo e Professor de Astrologia em 1986. Em 1996 obtive o titulo de máster em Terapia Floral e em 1999 fui Mestre de Reiki.

9) Você conhece o Brasil e/ou brasileiros? Quais os pontos em comum entre os argentinos e os brasileiros? E as diferenças?

R: Não só conheço o Brasil e os brasileiros, mas também eu amo tudo o que se refere a esse maravilhoso coração verde-amarelo.

10) Que pensa da Internet, para poetas e artistas hoje? Você gosta de usar a rede?

R: Acho que a Net é um maravilhoso invento, a partir dai mudaram as comunicações em geral e significa um elemento de ajuda para estudantes e de pesquisa para profissionais, além de ser um meio de divulgação para as Artes em geral. Gosto muito de usar a rede e graças a ela surgiram profundas amizades, possibilidades de divulgação da minha obra e oportunidades de conhecer pessoas de muito talento como você, a quem agradeço de coração esta entrevista.

Também publicada na Revista Nota Independente, em http://www.notaindependente.com.br/materias.php?id=0292


(*) Atualmente, o blog cito (Canteiro de Versos)está desativado pelo autor.

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