CLEVANE PESSOA ENTREVISTA ANDERSEN VIANA
1)Fale um pouco de sua vocação e de sua formação musical.
Comecei estudar música em casa com meu pai(Sebastiao Vianna) e com o
violonista Nelso Pilo. Depois tentei desenvolver um laboratório de química sozinho aos treze anos que só explodia ,causando muita preocupação à familia. Um dia explodiu ácido sulfúrico com amônia na minha cara e fiquei com uma mancha branca embacando os olhos por muito tempo. Depois disto as experiências foram se acabando e mudei para a Música. Freqüentei
a Escola de Música da UFMG e outras quatro academias europeias.
Atualmente sou doutorando em música pela Universidade Federal da Bahia.
2)Das experiências em sua profissão, quais as que lhe pareceram mais significativas ou foram mais reconhecidas?
Minha experiência de músico no Theatro Musical Brazileiro com Luiz Antonio Martinez Correio na década de 80 foi marcante, pois vivia todos os
dias atuando em espetáculos e até novelas na televisão.
Por que?
Esta atuaçãoo no teatro foi incrível. Pela razão de que a prática do dia a dia faz-se necessária ao artista para ele entender o que acontece no
mundo artístico, E isto sobre todos os prismas:
artístico,políitico,social e econômico. Existe uma grande mistificação do artista como estátua
de marfim. Isto nao existe mais. Se vc nao e competent em diversas areas para se impor de diversas formas, e não somente a artística, vc esta
fora.
3)O que vc acha que têm em comum Poesia e Música?
A música tem o seu lado de poesia, encontrado no pensamento musical e portanto humano. Aliás, toda a ate é poética.
4)Fale desse prêmio,em Gramado
O reconhecimento por parte de especialistas é de suma importância para o prosseguimento das atividades dos artistas. E o que dá força para
continuarmos.
5)Como está o cenário musical em Belo horizonte, na sua ótica pessoal?
Belo Horizonte é uma cidade interessante musicalmente. Tem muita coisa acontecendo. Mas temo que o tradicionalismo impeçaa os grandes vôos
estético por parte daqueles que fazem a música e a arte na capital mineira, com efeito no imaginário do público.
Obrigada;
Nao há de que.
Andersen - www.andersen.mus.br
(*)Benzaiten ou Benten
(Deusa da Música e Artes)
No séculos VI e VII, a deusa Benten(Benzaiten)Benzaiten começou a ser conhecida no País do Sol Nascente,quando iniciaram as traduções, do chines para o japonês, da Sutra da Luz Dourada,onde há um capítulodedicado a essa figura ímpar.No Sutra do Lótus, também encontraram referências a ela, associada ao Rio Sarawasti.. Os animais serpente e dragão do mar são associados ao seu todo.Isso gerou a crença de que colocar a pele de uma cobra na bolsa ou carteira,através da deusa, consegue-se riqueza e prosperidade.
Associada à figura de um anjo, dentre o Shichifukujin,A bela Benzaiten é a única mulher e a única que é artista. Assume a forma de serpente.Também aparece tocando um "biwa", espécie de alaúde japonês,enquanto é conduzida por um dragão- o que demonstra seu poder e força sobre essa outra figura mítica.
Para essa cultura,a cobra aparece muito em comunhão com a deusa Benten.Essa mulher impressionante "que já foi um anjo", elemento presente em todas as religiões significativas do mundo,é a representante da associação das musas artísticas (eloqüência, música, arte, literatura, sabedoria e água).
Gosto de saber que a água, elemento vital,está associado à beleza, ao movimento , ao ritmo da música, da pintura, da dança, da poesia...E que a sabedoria é necessária, o que significa algo entre casulo, ninfa, asas para o vôo e vivências necessárias à experiência, ao estilo pessoal de cada artista e autor...
O saber requer aprendizagem,discipulado, ensino e mestria o que é destinado a causar a devida prosperidade aos artistas e autora, aos Poetas, o que em nosso País não é lá muito bem compreendido.
O artista e o poeta podem nascer dotados para a criatividade, por terem oimaginário mais rico, sutil inovador que os demais, todavia, uma vida vazia , pode esvaziar esse tonel sem fundo de possibilidades.Hoje,overdadeiro artista, overdadeiro poeta,hão que ser pessoas de seu tempo.estar alertas e atentos á guerra e sua problemática, no seu desejo de paz.Impossível alienar-se ,se você quer ser grande-e não há nada deerrado em ser humilde para querer ser grande."Tudo vale a pena ,se a alma não é pequena, " diz Pessoa, no seus versos mais conhecidos...
O artista nasce para a grandeza:"Ad maiora natus sum"(Nasci para as coisas do Alto...),mas sem a vaidade, que volta o olhar das alturas para o próprio umbigo ecausa tropeções em vez de vôos.
Para os japoneses,por ter estudado as artes e adquirido o saber,associado à sabedoria ,é que a deusa Benzaiten ou Bentene, foi elevada ao panteão dos sete deuses.
essa protetora dos músicos e das artes pode conceder desejos, acompanhar trajetórias, promover sucesso;leva consigo uma jóia -de jade, dizem uns, de pérola, afirmam outros-que tem esse dom,o de ouvir súplicas econceder a realizaçãodos melhores sonhos e intentos.
Saraswati que era originalmente um poderoso rio da antiga China.Para os japoneses,a palavra Saravasti,deiade encontrou correspondência em Benzaiten-a água que flui, incansável e generosa;o poder criativo, a beleza.Tudo intrínsecamnte simbólico e ligado, pois o rio não serpenteia em seu caminho?Serpente,associada aos rios e à deusa,pois. Batizada em homenagem a esse rio,com tais caracteríticas fluviais B é uma deidade associada a tudo que requer fluidez.
As palavras ,por exemplo, os versos, a oratória,os traços e formas devem fluir no processo criativo.
Tudo, isso, nos coloca, com clareza e simplicidade, o Maestro Andersen, em suas respostas às minhas perguntas(veja, neste blog, a notícia sobre a premiação do vídeo "Trem Fantasma", em Gramado)
Clevane Pessoa de Araújo Lopes,
Belo Horizonte, MG, Br,24/08/2006
Publicado por clevane pessoa de araújo em 24/08/2006 às 10h49
asasdeborboleta16@gmail.com
asasdeborboleta@yahoo.com.br
Publicado por clevane pessoa de araújo lopes em 25/09/2006 às 10h00
sábado, 23 de janeiro de 2010
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
sandra fayad
Ficha cadastral de Sandra Fayad
Nome, nome artístico, dia e mês de nascimento, naturalidade, estado civil, profissão-e o que mais vc achar importante(e-mail, site, o que quiser)...
Por parte de mãe sou Fayad (libanês), por parte de pai André por registro, mas o sobrenome mais usado pela família é Abrahão (sírio). Fiquei sendo Sandra Fayad André. Prefiro ser conhecida por Sandra Fayad para não haver confusão. Nasci no dia 15 de fevereiro, em pleno domingo de carnaval, em Catalão (GO), sou do tempo do desquite (quando ainda não havia divórcio) e economista, especializada em mercado financeiro, por formação e profissão. Escrevo em prosa e verso (crônicas, contos e poesias), meu e-mail é sandrafayad@brturbo.com.br e meu site com o título Proseando em Versos é http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
Perguntas
1)Sandra, você começou a sentir-se inspirada a escrever poemas a partir de quando?
Dos doze aos quatorze anos de idade já escrevia em prosa e verso movida pela saudade da família, que estava distante. Dos 14 aos 19 anos li muito, mas apenas copiei trechos de livros em álbuns, que ainda tenho guardados. Na seqüência veio o primeiro emprego, o casamento e o nascimento da minha filha. Seis anos depois a separação, coincidindo com a volta à literatura.
2)Escreve a qualquer momento ou tem algum ritual ,hora, lugar, etc?
Escrevo a qualquer momento, mesmo que tenha barulho por perto, Só não gosto de ser interrompida. Mas prefiro o sossego das 22 h. até mais menos 01 h da manhã..
3)Qual a profissão que exerce?Gosta do que faz?Qual a sua vivência mais significativa?
Estou aposentada da minha profissão de economista, mas nunca parei de trabalhar e acho que não pararei enquanto viver. No momento, além da Literatura, que toma a metade do meu tempo entre leitura, escrita e comunicação, sou voluntária na ONG T-Bone de Projetos Culturais e me dedico diariamente à Horta Comunitária da 713 Norte, em Brasília. Hoje só faço o que me agrada, em contrapartida à pressão funcional vivenciada nos últimos anos do Serviço Público.
No entanto, sempre me adaptei bem ao trabalho que executava e ao que atualmente executo. A realidade mais significativa é a do momento, a que estou vivenciando. Não me ligo muito ao passado. Estou sempre presente no presente, olhando em direção ao futuro.
4)Publicou algum livro(de papel ou e-book), participa de antologias, etc?
Clevane, admiro e prestigio meus amigos escritores que publicam seus livros ( muitos belíssimos), mas tenho pouco tesão para publicar meus livros, por causa da burocracia e dos custos exorbitantes. Tenho material separado para dois livros solo, mas fico ensaiando...ensaiando...e não saio do lugar. Já participei de duas Antologias, de três e-books e um anuário, além de ser colunista semanal do Jornal Diário de Catalão.
5)Quel o seu maior desejo, em relação à literatura?
Sinto-me envaidecida quando recebo elogio por algum trabalho e, como todo mundo, quero continuar sendo reconhecida por aquilo que consigo fazer de positivo.
Mas não sei fazer marketing pessoal ou profissional. Acho que tenho até preguiça. Gosto de ficar quieta no meu cantinho, repassando para os amigos os textos que suponho ser de seu agrado, e vou levando... Se o sucesso tiver que vir, virá. É assim meio que “ficar esperando que caia dos céus”, com os pés bem fincados no chão.
6)Acredita que o poeta deve enganjar-se em causas sociais, respiondendo às perprectivas da poesis grga, ou deve ater-se a escrever de forma bonita, sobre diversos temas/
Deve engajar-se sim em causas sociais. No momento estou envolvida com duas. Uma é o Projeto Parada Cultural do T-Bone e outra a Horta Comunitária. Através deles tenho conseguido oferecer meus conhecimentos, experiências e aptidões a um grande número de pessoas que me dão em troca material riquíssimo para os meus trabalhos literários. É uma troca espetacular. Creio que todo escritor que participa de projetos assim acaba sendo duplamente beneficiado: pela oportunidade de se doar e pela possibilidade de receber e devolver, gerando uma corrente com elos permanentes de integração completa.
7)De que forma sua família a vê, enquanto poeta?
A família é bem grande.
Minha filha e meus netos estão sempre correndo contra o tempo, com os horários comprimidos nos dias úteis e com programas de descanso e lazer nos fins de semana e nas férias. Elogiam um ou outro trabalho, quando descobrem que foi bem aceito pelos amigos e pela imprensa. Meus cinco irmãos e parte dos sobrinhos são mais presentes e solidários. Recebo também atenção especial de alguns primos e tias, que consideram a maioria dos meus textos interessantes. Não cobro maior participação. Acho que está de bom tamanho assim como está.
8)No Mundo e no Brasil, hoje, qual o papel da Internet para a divulgação e estímulo da poesia?
É um veículo excelente, que oferece opções variadas e custo baixíssimo. Através da internet, são revelados talentos, que jamais seriam conhecidos duas décadas atrás;
Os e-books ganham cada vez mais espaços; as formatações ilustradas e com som enriquecem o conteúdo; as poesias declamadas pelos próprios autores apresentam a entonação desejada; a interação on-line permite que recebamos a crítica do leitor assim que inserimos o texto e que saibamos o quanto ele agradou ou desagradou. Além disso, podemos conhecer autores e trabalhos de poetas de todo o mundo, já traduzidos para a língua nativa, bem como nos surpreender com nossos textos lidos em outros continentes.
O único inconveniente é que, se não formos seletivos, acabamos estressados com tantas mensagens para ler e responder.
9)Pertence a que grupos, agremiações de Literatura?
Faço parte de alguns Grupos na internet como Poetas del Mundo, Vânia Diniz, Abrali, Academia Virtual Sala de Poetas, Falar Poesia, mas participo eventualmente por pura falta de tempo. Escrevo também para alguns portais, sites e blogs: Recanto das Letras, o seu Clevane, da Anna Muller, do T-bone, do Portal Catalão. Sou colunista quinzenal nos sites Carlos Roberto Lemberg, Vânia Diniz, Membro Acadêmico da Abrali e da Academia Virtual Sala de Poetas (Patronesse), colunista semanal do Diário de Catalão (impresso), membro do Grupo GUARARTE de poetas, em Brasília; participo dos eventos culturais da ONG T-Bone, onde faço trabalho voluntário; administro a Horta Comunitária da 713 Norte. Estou mais ocupada que a filha e os netos. Portanto, nem posso criticá-los.
10)Qual seu maior desejo, em relação ao própio ofício de Poetizar ?
Editar um livro com as poesias que fiz para homenagear as plantas e os animais: suas preferências, hábitos, sensibilidades, características individuais e sentimentos, que formam as suas personalidades. Descobri cada coisa interessante sobre eles nas minhas pesquisas!
11)O que mais gosta de escrever, Prosa ou Poesia?Por que?
Gosto de ambas. Depende do momento e do tema. Tenho mais facilidade para a Poesia. Nela o resultado é imediato, pois consigo vê-la pronta e acabada em poucos minutos. É sempre assim: brota repentinamente uma frase qualquer e tudo acontece sem controle. Nunca sei quantos versos terá, nem como vai terminar.
Isto é muito excitante. Já a prosa sempre me deixa um pouco insegura quanto à exata transmissão do conteúdo. Fica sempre a pergunta: será que me fiz entender?
12)Deixe uma mensagem .
Nós, os humanos, precisamos nos convencer de que somos apenas súditos da natureza. Observemos as plantas e os animais. Eles, sim, são nossos mestres e senhores.
Clevane, muito obrigada por prestigiar-me também com esta entrevista. Sinto muito respeito e admiração pelo seu talento e pelo trabalho que realiza.
Abaixo,uma reportagem sobre Sandra Fayad, em neliaf.multiply.com/journal/item/914/Sandra_a... :
Sandra, a jardineira fiel
Sep 27, '07 7:31 AM
for everyone
O alecrim-do-campo serve para combater reumatismo, bronquite e má digestão. A tensão e o estresse podem se resumir à lembrança de um mal-estar natural do dia-a-dia, se você tomar um chá de folhas ou flores de alfazema. A cânfora, a losna e o poejo podem ser úteis na hora de melhorar a respiração, espantar cólicas e vermes ou enfrentar uma gripe ou forte resfriado com menos desconforto. Receitas das avós, tradição de cura pelas plantas ou estratégia caseira de ter à mão uma boa variedade de opções. Não importa, o que interessa à poeta e economista Sandra Fayad é cultivar uma velha paixão: fazer brotar no quintal, na chácara ou no jardim canteiros de plantas medicinais, aromáticas ou de valor simplesmente estético.
A natureza sempre em primeiro lugar. Fruteiras, roseirais ou um belo e rico ervanário para atender à família e aos vizinhos, isso é o que toca o espírito de Sandra. Atender não somente vizinhos e conhecidos, mas também aqueles que se interessam pelo tema e procuram aderir à antiga e necessária arte de plantar e colher. Quem passa na frente de sua horta comunitária, plantada na calçada da 713 Norte, nos fundos de sua casa, não resiste e pára por uns segundos, minutos, dependendo de quem passa e pára. A maioria deseja conhecer a jardineira e seus canteiros de ervas. Saber o que é aquilo, em plena passagem pública.
Horta comunitária
Tudo começou quando ela perdeu a chácara que tinha no Lago Oeste — teve de vendê-la por motivos familiares em 2005. Na época, Sandra achou que ficaria de vez sem suas 60 espécies de ervas medicinais. Mal sabia ela que, menos de um ano depois, teria uma horta comunitária na sua calçada. “Desde que reformamos a casa eu paquerava esse espaço. Mas só em agosto de 2006 que papai capinou esta área que seria um jardim para que eu plantasse as minhas ervas”, lembra Sandra.
Pouco mais de um ano depois, o local mudou. A neta de Sandra, Mariana, 18 anos, participou de tudo desde o comecinho. “Primeiro achei que era loucura invadir assim o jardim da calçada, mas hoje vejo como foi legal a iniciativa dela, as pessoas gostam mesmo”, diz a estudante de enfermagem. Com boa vontade e ajuda de muita gente, hoje a Horta Comunitária da 713 Norte exibe 32 espécies cultivadas em seus apenas 36 metros quadrados, entre elas salsa, coentro, tomilho, almeirão, cebolinha e erva-cidreira. Outras consideradas nobres também crescem na horta: alfazema, capuchinha, cânfora e manjericão.
Para algumas plantas, Sandra compôs poesias e pendurou os textos no meio do jardim, dentro de garrafas de plástico recicladas. A mangueira, que dá a sombra e proteção para a horta, ganhou um poema especial: Mãe mangueira (…)/ Alma verde me acenando da janela/ Ninho de pombos, imigrados do inverneiro/ Grandiosa, porém discreta, singela/ (…).
E a mangueira tão querida também ganhou um mimo: Sandra arrumou uma cerca e uma rede para servir de aparador para os frutos. Fica enrolada em uma estrutura de bambu e na época que a árvore está carregada, a cerca é esticada, paralela ao chão, a quase 2m de altura. “Como as mangas estão muito no alto, elas amadurecem, caem e se esborracham no chão. Agora resolvemos o problema com esta cerca”.
O local, cercado por bambus, é visitado diariamente por moradores e transeuntes. “Qualquer pessoa pode plantar ou colher, desde que seja com carinho”, diz Sandra. Enfeitam o ambiente pequenas estatuetas de duendes. “É para agradar aos esotéricos. E as crianças adoram”, justifica a moradora. Para completar o projeto, vem a parte da reciclagem. Sandra usa garrafas pet para ajudar na irrigação e umidade do solo e também para pendurar seus poemas. Sim, ela escreve poemas para as ervas que ali crescem. E todos os outros textos que já escreveu louvando a natureza estão publicados na Internet, no endereço: www.sandrafayad.prosaeverso.net
Canteiro de amizades
Foi só a aposentada começar a plantar para receber o apoio dos vizinhos e transeuntes. Alguns doaram vasos de plástico, adubo, mudas e sementes. Outros trouxeram potes e até alpiste para os pássaros. E ainda teve gente que pôs a mão na massa, como Israel Angelo Pereira, que trabalha quase em frente à horta como coordenador de projetos do Açougue T-Bone. Ajudou Sandra na construção da estrutura da cerca que protege a horta.
O sucesso foi tanto que Sandra arrumou um canal para melhorar a comunicação com o público. Deixou uma pequena urna improvisada em um potinho de plástico ao lado da horta. Dentro dela, papéis e canetas. Mais de 20 pessoas já responderam. Elogiam. Agradecem. Perguntam. E contribuem. “Conheci gente da quadra que nunca tinha visto antes”, alegra-se a aposentada. Uma dessas virou amiga do peito. É a gaúcha de Porto Alegre Leoni Pasinato dal Pozzo. Mora na 712 Norte. “Fui atraída pela horta, já cultivava umas mudinhas no meu apartamento e resolvi vir aqui para doá-las”, observa. Isso foi em março deste ano. Hoje, seis meses depois, Sandra e Leoni se tornaram amigas de todas as horas.
Na horta de Sandra aprende-se também sobre a funcionalidade medicinal das plantas. Por exemplo, as folhas de eucalipto podem render chá para combater febre e dores reumáticas. Já as sementes de funcho podem ser eficazes para a falta de leite materno ou no combate a gases e cólicas. Para Sandra, as plantas são uma riqueza pouco explorada. “Somos aqui súditos da natureza, mas não a conhecemos direito”, ressalta.
(Entrevista publicada originalmente no sitew da T-Bone(Brasília), em minha coluna.
Clevane
Nome, nome artístico, dia e mês de nascimento, naturalidade, estado civil, profissão-e o que mais vc achar importante(e-mail, site, o que quiser)...
Por parte de mãe sou Fayad (libanês), por parte de pai André por registro, mas o sobrenome mais usado pela família é Abrahão (sírio). Fiquei sendo Sandra Fayad André. Prefiro ser conhecida por Sandra Fayad para não haver confusão. Nasci no dia 15 de fevereiro, em pleno domingo de carnaval, em Catalão (GO), sou do tempo do desquite (quando ainda não havia divórcio) e economista, especializada em mercado financeiro, por formação e profissão. Escrevo em prosa e verso (crônicas, contos e poesias), meu e-mail é sandrafayad@brturbo.com.br e meu site com o título Proseando em Versos é http://www.sandrafayad.prosaeverso.net/
Perguntas
1)Sandra, você começou a sentir-se inspirada a escrever poemas a partir de quando?
Dos doze aos quatorze anos de idade já escrevia em prosa e verso movida pela saudade da família, que estava distante. Dos 14 aos 19 anos li muito, mas apenas copiei trechos de livros em álbuns, que ainda tenho guardados. Na seqüência veio o primeiro emprego, o casamento e o nascimento da minha filha. Seis anos depois a separação, coincidindo com a volta à literatura.
2)Escreve a qualquer momento ou tem algum ritual ,hora, lugar, etc?
Escrevo a qualquer momento, mesmo que tenha barulho por perto, Só não gosto de ser interrompida. Mas prefiro o sossego das 22 h. até mais menos 01 h da manhã..
3)Qual a profissão que exerce?Gosta do que faz?Qual a sua vivência mais significativa?
Estou aposentada da minha profissão de economista, mas nunca parei de trabalhar e acho que não pararei enquanto viver. No momento, além da Literatura, que toma a metade do meu tempo entre leitura, escrita e comunicação, sou voluntária na ONG T-Bone de Projetos Culturais e me dedico diariamente à Horta Comunitária da 713 Norte, em Brasília. Hoje só faço o que me agrada, em contrapartida à pressão funcional vivenciada nos últimos anos do Serviço Público.
No entanto, sempre me adaptei bem ao trabalho que executava e ao que atualmente executo. A realidade mais significativa é a do momento, a que estou vivenciando. Não me ligo muito ao passado. Estou sempre presente no presente, olhando em direção ao futuro.
4)Publicou algum livro(de papel ou e-book), participa de antologias, etc?
Clevane, admiro e prestigio meus amigos escritores que publicam seus livros ( muitos belíssimos), mas tenho pouco tesão para publicar meus livros, por causa da burocracia e dos custos exorbitantes. Tenho material separado para dois livros solo, mas fico ensaiando...ensaiando...e não saio do lugar. Já participei de duas Antologias, de três e-books e um anuário, além de ser colunista semanal do Jornal Diário de Catalão.
5)Quel o seu maior desejo, em relação à literatura?
Sinto-me envaidecida quando recebo elogio por algum trabalho e, como todo mundo, quero continuar sendo reconhecida por aquilo que consigo fazer de positivo.
Mas não sei fazer marketing pessoal ou profissional. Acho que tenho até preguiça. Gosto de ficar quieta no meu cantinho, repassando para os amigos os textos que suponho ser de seu agrado, e vou levando... Se o sucesso tiver que vir, virá. É assim meio que “ficar esperando que caia dos céus”, com os pés bem fincados no chão.
6)Acredita que o poeta deve enganjar-se em causas sociais, respiondendo às perprectivas da poesis grga, ou deve ater-se a escrever de forma bonita, sobre diversos temas/
Deve engajar-se sim em causas sociais. No momento estou envolvida com duas. Uma é o Projeto Parada Cultural do T-Bone e outra a Horta Comunitária. Através deles tenho conseguido oferecer meus conhecimentos, experiências e aptidões a um grande número de pessoas que me dão em troca material riquíssimo para os meus trabalhos literários. É uma troca espetacular. Creio que todo escritor que participa de projetos assim acaba sendo duplamente beneficiado: pela oportunidade de se doar e pela possibilidade de receber e devolver, gerando uma corrente com elos permanentes de integração completa.
7)De que forma sua família a vê, enquanto poeta?
A família é bem grande.
Minha filha e meus netos estão sempre correndo contra o tempo, com os horários comprimidos nos dias úteis e com programas de descanso e lazer nos fins de semana e nas férias. Elogiam um ou outro trabalho, quando descobrem que foi bem aceito pelos amigos e pela imprensa. Meus cinco irmãos e parte dos sobrinhos são mais presentes e solidários. Recebo também atenção especial de alguns primos e tias, que consideram a maioria dos meus textos interessantes. Não cobro maior participação. Acho que está de bom tamanho assim como está.
8)No Mundo e no Brasil, hoje, qual o papel da Internet para a divulgação e estímulo da poesia?
É um veículo excelente, que oferece opções variadas e custo baixíssimo. Através da internet, são revelados talentos, que jamais seriam conhecidos duas décadas atrás;
Os e-books ganham cada vez mais espaços; as formatações ilustradas e com som enriquecem o conteúdo; as poesias declamadas pelos próprios autores apresentam a entonação desejada; a interação on-line permite que recebamos a crítica do leitor assim que inserimos o texto e que saibamos o quanto ele agradou ou desagradou. Além disso, podemos conhecer autores e trabalhos de poetas de todo o mundo, já traduzidos para a língua nativa, bem como nos surpreender com nossos textos lidos em outros continentes.
O único inconveniente é que, se não formos seletivos, acabamos estressados com tantas mensagens para ler e responder.
9)Pertence a que grupos, agremiações de Literatura?
Faço parte de alguns Grupos na internet como Poetas del Mundo, Vânia Diniz, Abrali, Academia Virtual Sala de Poetas, Falar Poesia, mas participo eventualmente por pura falta de tempo. Escrevo também para alguns portais, sites e blogs: Recanto das Letras, o seu Clevane, da Anna Muller, do T-bone, do Portal Catalão. Sou colunista quinzenal nos sites Carlos Roberto Lemberg, Vânia Diniz, Membro Acadêmico da Abrali e da Academia Virtual Sala de Poetas (Patronesse), colunista semanal do Diário de Catalão (impresso), membro do Grupo GUARARTE de poetas, em Brasília; participo dos eventos culturais da ONG T-Bone, onde faço trabalho voluntário; administro a Horta Comunitária da 713 Norte. Estou mais ocupada que a filha e os netos. Portanto, nem posso criticá-los.
10)Qual seu maior desejo, em relação ao própio ofício de Poetizar ?
Editar um livro com as poesias que fiz para homenagear as plantas e os animais: suas preferências, hábitos, sensibilidades, características individuais e sentimentos, que formam as suas personalidades. Descobri cada coisa interessante sobre eles nas minhas pesquisas!
11)O que mais gosta de escrever, Prosa ou Poesia?Por que?
Gosto de ambas. Depende do momento e do tema. Tenho mais facilidade para a Poesia. Nela o resultado é imediato, pois consigo vê-la pronta e acabada em poucos minutos. É sempre assim: brota repentinamente uma frase qualquer e tudo acontece sem controle. Nunca sei quantos versos terá, nem como vai terminar.
Isto é muito excitante. Já a prosa sempre me deixa um pouco insegura quanto à exata transmissão do conteúdo. Fica sempre a pergunta: será que me fiz entender?
12)Deixe uma mensagem .
Nós, os humanos, precisamos nos convencer de que somos apenas súditos da natureza. Observemos as plantas e os animais. Eles, sim, são nossos mestres e senhores.
Clevane, muito obrigada por prestigiar-me também com esta entrevista. Sinto muito respeito e admiração pelo seu talento e pelo trabalho que realiza.
Abaixo,uma reportagem sobre Sandra Fayad, em neliaf.multiply.com/journal/item/914/Sandra_a... :
Sandra, a jardineira fiel
Sep 27, '07 7:31 AM
for everyone
O alecrim-do-campo serve para combater reumatismo, bronquite e má digestão. A tensão e o estresse podem se resumir à lembrança de um mal-estar natural do dia-a-dia, se você tomar um chá de folhas ou flores de alfazema. A cânfora, a losna e o poejo podem ser úteis na hora de melhorar a respiração, espantar cólicas e vermes ou enfrentar uma gripe ou forte resfriado com menos desconforto. Receitas das avós, tradição de cura pelas plantas ou estratégia caseira de ter à mão uma boa variedade de opções. Não importa, o que interessa à poeta e economista Sandra Fayad é cultivar uma velha paixão: fazer brotar no quintal, na chácara ou no jardim canteiros de plantas medicinais, aromáticas ou de valor simplesmente estético.
A natureza sempre em primeiro lugar. Fruteiras, roseirais ou um belo e rico ervanário para atender à família e aos vizinhos, isso é o que toca o espírito de Sandra. Atender não somente vizinhos e conhecidos, mas também aqueles que se interessam pelo tema e procuram aderir à antiga e necessária arte de plantar e colher. Quem passa na frente de sua horta comunitária, plantada na calçada da 713 Norte, nos fundos de sua casa, não resiste e pára por uns segundos, minutos, dependendo de quem passa e pára. A maioria deseja conhecer a jardineira e seus canteiros de ervas. Saber o que é aquilo, em plena passagem pública.
Horta comunitária
Tudo começou quando ela perdeu a chácara que tinha no Lago Oeste — teve de vendê-la por motivos familiares em 2005. Na época, Sandra achou que ficaria de vez sem suas 60 espécies de ervas medicinais. Mal sabia ela que, menos de um ano depois, teria uma horta comunitária na sua calçada. “Desde que reformamos a casa eu paquerava esse espaço. Mas só em agosto de 2006 que papai capinou esta área que seria um jardim para que eu plantasse as minhas ervas”, lembra Sandra.
Pouco mais de um ano depois, o local mudou. A neta de Sandra, Mariana, 18 anos, participou de tudo desde o comecinho. “Primeiro achei que era loucura invadir assim o jardim da calçada, mas hoje vejo como foi legal a iniciativa dela, as pessoas gostam mesmo”, diz a estudante de enfermagem. Com boa vontade e ajuda de muita gente, hoje a Horta Comunitária da 713 Norte exibe 32 espécies cultivadas em seus apenas 36 metros quadrados, entre elas salsa, coentro, tomilho, almeirão, cebolinha e erva-cidreira. Outras consideradas nobres também crescem na horta: alfazema, capuchinha, cânfora e manjericão.
Para algumas plantas, Sandra compôs poesias e pendurou os textos no meio do jardim, dentro de garrafas de plástico recicladas. A mangueira, que dá a sombra e proteção para a horta, ganhou um poema especial: Mãe mangueira (…)/ Alma verde me acenando da janela/ Ninho de pombos, imigrados do inverneiro/ Grandiosa, porém discreta, singela/ (…).
E a mangueira tão querida também ganhou um mimo: Sandra arrumou uma cerca e uma rede para servir de aparador para os frutos. Fica enrolada em uma estrutura de bambu e na época que a árvore está carregada, a cerca é esticada, paralela ao chão, a quase 2m de altura. “Como as mangas estão muito no alto, elas amadurecem, caem e se esborracham no chão. Agora resolvemos o problema com esta cerca”.
O local, cercado por bambus, é visitado diariamente por moradores e transeuntes. “Qualquer pessoa pode plantar ou colher, desde que seja com carinho”, diz Sandra. Enfeitam o ambiente pequenas estatuetas de duendes. “É para agradar aos esotéricos. E as crianças adoram”, justifica a moradora. Para completar o projeto, vem a parte da reciclagem. Sandra usa garrafas pet para ajudar na irrigação e umidade do solo e também para pendurar seus poemas. Sim, ela escreve poemas para as ervas que ali crescem. E todos os outros textos que já escreveu louvando a natureza estão publicados na Internet, no endereço: www.sandrafayad.prosaeverso.net
Canteiro de amizades
Foi só a aposentada começar a plantar para receber o apoio dos vizinhos e transeuntes. Alguns doaram vasos de plástico, adubo, mudas e sementes. Outros trouxeram potes e até alpiste para os pássaros. E ainda teve gente que pôs a mão na massa, como Israel Angelo Pereira, que trabalha quase em frente à horta como coordenador de projetos do Açougue T-Bone. Ajudou Sandra na construção da estrutura da cerca que protege a horta.
O sucesso foi tanto que Sandra arrumou um canal para melhorar a comunicação com o público. Deixou uma pequena urna improvisada em um potinho de plástico ao lado da horta. Dentro dela, papéis e canetas. Mais de 20 pessoas já responderam. Elogiam. Agradecem. Perguntam. E contribuem. “Conheci gente da quadra que nunca tinha visto antes”, alegra-se a aposentada. Uma dessas virou amiga do peito. É a gaúcha de Porto Alegre Leoni Pasinato dal Pozzo. Mora na 712 Norte. “Fui atraída pela horta, já cultivava umas mudinhas no meu apartamento e resolvi vir aqui para doá-las”, observa. Isso foi em março deste ano. Hoje, seis meses depois, Sandra e Leoni se tornaram amigas de todas as horas.
Na horta de Sandra aprende-se também sobre a funcionalidade medicinal das plantas. Por exemplo, as folhas de eucalipto podem render chá para combater febre e dores reumáticas. Já as sementes de funcho podem ser eficazes para a falta de leite materno ou no combate a gases e cólicas. Para Sandra, as plantas são uma riqueza pouco explorada. “Somos aqui súditos da natureza, mas não a conhecemos direito”, ressalta.
(Entrevista publicada originalmente no sitew da T-Bone(Brasília), em minha coluna.
Clevane
Projeto de Intervenção Educacional “Valores para a Vida”, entrevista Clevane Pessoa
Entrevista com a Psicóloga Clevane Pessoa, para o Projeto de Intervenção Educacional “Valores para a Vida”, que visa trabalhar através de oficinas, no uso da criatividade, valores éticos, morais e de formação de cidadania.
1) Clevane, diante da sua experiência, fale-nos um pouco sobre a adolescência (aspectos sociais, culturais e psíquicos).
A Adolescência ,uma fase onde o ser em formação começa a se libertar daquilo que lhe foi ensinado, em termos de comportamento, pela família e pela escola,pois a busca da própria personalidade é a tarefa –base do ser humano e nela se inicia.Por causa das mudanças físicas, a puberdade, e as mudanças psíquicas, há uma espécie de “Síndrome Normal da Adolescência” ou “Síndrome da Adolescência Normal”,que possui vários aspectos comuns, quase iniciais, exceto quando são muito grandes as diferenças culturais ou raciais.
Nos aspectos sociais, a grande dificuldade encontrada pelo adolescente, é que ele já não é criança, mas tampouco é adulto, o que gera conflitos e as pessoas tendem a exigir, cobrar posturas de fases anteriores ou posteriores à faixa etária em que vivem.
Socialmente, o que mais os caracteriza é o espírito gregário.Gostam de andar enturmados e seguir o que a maioria aprova (ex: fazer uso de piercing ou tatoo), o que , muitas vezes, pode agrega-los a grupos de apoio negativos (por exemplo, de drogadição, de violência).
Na maioria das vezes, é positivo esse instinto gregário, pois os prepara para viver em sociedade.
Culturalmente, há vários aspectos diferenciais,por ex, os ritos de passagem.No Ocidente, podem marcar-se por festas(o “debut,aos quinze ,ou dezoito anos, por ex, a primeira viagem sem os pais, um acampamento,e tc), mas entre os africanos, tribos indígenas,ilhéus,, os ritos são fortes e duram dias, muitas vezes marcados por cerimônias de mutilação, da infibulação (extirpação do clitóris) às provas masculinas de coragem e força.Em Camarões, por exemplo, as jovenzinhas costumam ser estupradas ou sofrer constrangimentos sexuais.Então, quando surge o broto mamário, a mãe os queima com uma colher de pau quente (em brasa);
Psicamente, a necessidade de contestar as normas impostas, os adultos próximos ( pais e professores, autoridades) , as dúvidas existenciais(quem sou, de onde vim , para onde vou, qual o meu papel de gênero,o que vou ser...),alegria desmesurada (elação) alternada ao desânimo, que pode chegar à depressão.Definição sexual, necessidade de complemento, luta por causas sociais, dúvidas quanto à fé,ou entrega a uma religião ou seita (veja-se os que seguem a Hare Krishna),angústia, preocupação com a própria aparência, namoro, enfim , uma série de comportamentos específicos da naturais da época, mas que podem tornar-se patológicos quando exacerbados.Sentimento de adequação, de não pertencimento á família, revolta, não são incomuns.É preciso canalizar a energia poderosa, para atividades prazerosas para eles :esportes,artes, ações sociais de solidariedade, etc, de acordo com o temperamento de cada um.Içami Tiba, que também é poeta, diz num versos;”Adolescente é pequeno demais para grandes coisas e garnde demais para pequenas coisas”
2) O que você acredita que motiva os adolescentes atualmente? Principalmente os apelos da mídia, o consumismo, as baladas, as grifes,por serem altamente influenciáveis, costumam imitar a maioria.Embora haja exceções.mas o adolescente bem direcionado, pode sofrer ótimas influências, nessa fase é ousado, corajoso, criativo e esse potencial deve ser bem aproveitado.Muitas vezes, a descoberta das inclinações naturais, é um elemento facilitador à realização, à alegria de viver.O adolescente deve ser proativo,enfocar as responsabilidades para consigo mesmo e para com a sociedade (o que inclui a família, a escola, a comunidade, o país)
3)
4)
5) 3)Fale-nos um pouco sobre o processo de aprendizagem.A atenção concentrada não é facilmente obtida nessa faixa etária, dada a multiplicidade de interesses, os conflitos , a falta de didática de alguns professores, metodologia inadequada.Há uma necessidade grande de estimulação áudio-visual, de interatividade nos processos de apreensão das matérias, pois tudo que é monótono é abandonado frequentemente, uma vez que a tenacidade ainda não se instalou- mas pode ser estimulada.Atividades em grupo e práticas logram maiores êxitos, exceto quando o adolescente é do tipo reflexivo, mas ainda assim , é produtivo estimular a competitividade sadia e os trabalhos em equipe, que vão corresponder à necessidade gregária.
6) É preciso fornecer reforço escolar e perceber as diferenças individuais e respeita-las.Onde o adolescente apresentar dificuldades, é preciso ampliar a relação de ajuda
7) Sempre se deve aumentar a auto-estima, o que gera auto-confiança, e, por sua vez, esta promove uma melhor aprendizagem.
8) Fora do âmbito escolar, a aprendizagem ocorre por imitação, necessidade, admiração.A motivação é fator de infra-estrutura de toda aprendizagem. Os bons condicionamentos também podem e devem ser aprendidos, mas sem imposições, o que os afasta naturalmente.Nessa fase, costumam ser críticos, mordazes, exigentes e gostam de pavonear-se com seus conhecimentos recém –adquiridos.
9) Você acredita que nossa proposta pode ajudar na melhora do comportamento dos adolescentes da Escola? Por que?Acredito, por tudo que explanamos antes e pela experiência com programas de assistência integral ao adolescente que criamos e com os quais logramos obter bons resultados.Há um efeito dominó positivo, a partir da motivação e da estimulação. Oficinas casam-se às necessidades de afiliação e gregárias, por exemplo,exercícios para desenvolvimento de liderança e protagonismo, a formação de afiliações, tais quais grêmios estudantis ,fóruns, ginkanas, que estimulam a competição saudável , a segurança, a auto-estima.
10) Você acredita no social?O que social?Especifiquem...
11) Para você, qual a melhor forma de lidar com os adolescentes?A melhor forma será sempre o diálogo franco e não agressivo,a verdade.Quando os adultos mentem , provocam uma incredulidade que pode ter efeitos fatais aos relacionamentos de várias áreas.E provocam um reflexo negativo;eles passam a mentir também .lembro aqui que mentira não é fantasia.A fantasia pode ser trabalhada e canalizada, otimizada, para teatro, poesia, pintura,pois anda ao lado da criatividade.
12) Relate-nos fatos positivos e modificações positivas já vistas / percebidas por você, através dos seus trabalhos e experiências com os adolescentes.bem , a experi~encia é de longos anos e em Estados diferentes.mas ,efetivamente, já obtivemos , com metodologia preventiva, não violência, o abandono de gangues, de drogadição,de ações errôneas tais a pichação (o grafitismo orientado pode e deve ser estimulado), desenvolvimento de ocupações artísticas (ingressão em coral, grupo teatral, etc),descoberta vocacional,despertar de meios de permuta social e fraterna,exercício sadio de liderança e protagonismo (a contrpartida negativa pode “fazer” um chefe de gang, por exemplo. Mesmo a prostituição juvenil, foi trocada, em casos específicos, por uma ocupação rendosa e prazerosa, qual arte;artesanato.A gravidez indesejada , por ex, pode perfeitamente ser evitada, assim quais as DST/AIDS .
13) Para você, quais os assuntos / temas mais pertinentes para se trabalhar com os adolescentes?A demanda pode vir deles próprios.Ou de acordo com o momento vivido pela faixa etárias, ou por uma necessidade comunitária, mas há uma lista básica que corresponde às naturais curiosidades sobre crescimento e desenvolvimentos físico e mental.Foruns sobre temas ecológicos e mesmo políticos são muito bem vindos.Hábitos comunitários, por exemplo, os remédios caseiros , as hortas, podem ser um bom ponto de partida.Certas atividades artíticas ajuxam bastante, por exemplo, o RAP, porque nas letras, constroem sua história,colocam suas ansiedades, denunciam , reinvidicam.
14) Nosso interesse é a formação de jovens multiplicadores destes valores (éticos, morais, de cidadania) em prol da comunidade escolar, da comunidade local e, conseqüentemente da sociedade. Interessante fazer,através das reflexões, eleições, desenvolvimento do protagonismo, da liderança, das ações pertinentes e necessárias.
Dinâmicas de grupo, colagens, releitura de notícias, recortes de jornais e revistas, rádios comunitários, filmes, filmagens,coros ,teatro, dança, tudo se presta ao estabelevcimento da confiança e da segurança- nos educadores, nos psicólogos, nos assitentes sociais, nos professores e neles próprios.
15) O que você acha do uso da criatividade como forma de trabalho na inserção dessa proposta?A criatividade e a fantasia devem ser estimuladas e postas a serviços do extraordinário potencial dessa faixa etária.
16) Como Poeta, além de Psicóloga, como você acredita que a inserção da Poesia na escola pode ajudar aos estudantes?Adolescentes gostam muito de Poesia, sejam ou não poetas.O estudo das metáforas e outras figuras de linguagem, leva à reflexão,
17) Podem ,os versos, serem musicados (por ex, no rap, nos corais, nos jograis,,teatralizados,etc0
18) E a poesia tem o dom de ampliar a sensibilidade, a percepção do mundo e de si mesmos.facilita o senso de interpretação e criatividade.
19) As oficinas serão dadas a grupos de adolescentes. Como você vê essa interação entre os adolescentes à partir da formação grupal? Todas as variáveis humanas devem ser consideradas .Alguns grupos são mais homogêneos (por faixa etária, por série escolar,por gênero,por dons,interesses etc), ou serem bastante heterogêneos.Cada grupo, costuma solidificar uma personalidade grupal, coletiva, porque a necessidade gregária e a de afiliação facilita essas reações de crenças, repúdios,buscas coletivas.Certos grupos são dissonantes, mas é raro que não se consiga reverter as dificuldades.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
CRP 04-2539
28/12/1/2007
1) Clevane, diante da sua experiência, fale-nos um pouco sobre a adolescência (aspectos sociais, culturais e psíquicos).
A Adolescência ,uma fase onde o ser em formação começa a se libertar daquilo que lhe foi ensinado, em termos de comportamento, pela família e pela escola,pois a busca da própria personalidade é a tarefa –base do ser humano e nela se inicia.Por causa das mudanças físicas, a puberdade, e as mudanças psíquicas, há uma espécie de “Síndrome Normal da Adolescência” ou “Síndrome da Adolescência Normal”,que possui vários aspectos comuns, quase iniciais, exceto quando são muito grandes as diferenças culturais ou raciais.
Nos aspectos sociais, a grande dificuldade encontrada pelo adolescente, é que ele já não é criança, mas tampouco é adulto, o que gera conflitos e as pessoas tendem a exigir, cobrar posturas de fases anteriores ou posteriores à faixa etária em que vivem.
Socialmente, o que mais os caracteriza é o espírito gregário.Gostam de andar enturmados e seguir o que a maioria aprova (ex: fazer uso de piercing ou tatoo), o que , muitas vezes, pode agrega-los a grupos de apoio negativos (por exemplo, de drogadição, de violência).
Na maioria das vezes, é positivo esse instinto gregário, pois os prepara para viver em sociedade.
Culturalmente, há vários aspectos diferenciais,por ex, os ritos de passagem.No Ocidente, podem marcar-se por festas(o “debut,aos quinze ,ou dezoito anos, por ex, a primeira viagem sem os pais, um acampamento,e tc), mas entre os africanos, tribos indígenas,ilhéus,, os ritos são fortes e duram dias, muitas vezes marcados por cerimônias de mutilação, da infibulação (extirpação do clitóris) às provas masculinas de coragem e força.Em Camarões, por exemplo, as jovenzinhas costumam ser estupradas ou sofrer constrangimentos sexuais.Então, quando surge o broto mamário, a mãe os queima com uma colher de pau quente (em brasa);
Psicamente, a necessidade de contestar as normas impostas, os adultos próximos ( pais e professores, autoridades) , as dúvidas existenciais(quem sou, de onde vim , para onde vou, qual o meu papel de gênero,o que vou ser...),alegria desmesurada (elação) alternada ao desânimo, que pode chegar à depressão.Definição sexual, necessidade de complemento, luta por causas sociais, dúvidas quanto à fé,ou entrega a uma religião ou seita (veja-se os que seguem a Hare Krishna),angústia, preocupação com a própria aparência, namoro, enfim , uma série de comportamentos específicos da naturais da época, mas que podem tornar-se patológicos quando exacerbados.Sentimento de adequação, de não pertencimento á família, revolta, não são incomuns.É preciso canalizar a energia poderosa, para atividades prazerosas para eles :esportes,artes, ações sociais de solidariedade, etc, de acordo com o temperamento de cada um.Içami Tiba, que também é poeta, diz num versos;”Adolescente é pequeno demais para grandes coisas e garnde demais para pequenas coisas”
2) O que você acredita que motiva os adolescentes atualmente? Principalmente os apelos da mídia, o consumismo, as baladas, as grifes,por serem altamente influenciáveis, costumam imitar a maioria.Embora haja exceções.mas o adolescente bem direcionado, pode sofrer ótimas influências, nessa fase é ousado, corajoso, criativo e esse potencial deve ser bem aproveitado.Muitas vezes, a descoberta das inclinações naturais, é um elemento facilitador à realização, à alegria de viver.O adolescente deve ser proativo,enfocar as responsabilidades para consigo mesmo e para com a sociedade (o que inclui a família, a escola, a comunidade, o país)
3)
4)
5) 3)Fale-nos um pouco sobre o processo de aprendizagem.A atenção concentrada não é facilmente obtida nessa faixa etária, dada a multiplicidade de interesses, os conflitos , a falta de didática de alguns professores, metodologia inadequada.Há uma necessidade grande de estimulação áudio-visual, de interatividade nos processos de apreensão das matérias, pois tudo que é monótono é abandonado frequentemente, uma vez que a tenacidade ainda não se instalou- mas pode ser estimulada.Atividades em grupo e práticas logram maiores êxitos, exceto quando o adolescente é do tipo reflexivo, mas ainda assim , é produtivo estimular a competitividade sadia e os trabalhos em equipe, que vão corresponder à necessidade gregária.
6) É preciso fornecer reforço escolar e perceber as diferenças individuais e respeita-las.Onde o adolescente apresentar dificuldades, é preciso ampliar a relação de ajuda
7) Sempre se deve aumentar a auto-estima, o que gera auto-confiança, e, por sua vez, esta promove uma melhor aprendizagem.
8) Fora do âmbito escolar, a aprendizagem ocorre por imitação, necessidade, admiração.A motivação é fator de infra-estrutura de toda aprendizagem. Os bons condicionamentos também podem e devem ser aprendidos, mas sem imposições, o que os afasta naturalmente.Nessa fase, costumam ser críticos, mordazes, exigentes e gostam de pavonear-se com seus conhecimentos recém –adquiridos.
9) Você acredita que nossa proposta pode ajudar na melhora do comportamento dos adolescentes da Escola? Por que?Acredito, por tudo que explanamos antes e pela experiência com programas de assistência integral ao adolescente que criamos e com os quais logramos obter bons resultados.Há um efeito dominó positivo, a partir da motivação e da estimulação. Oficinas casam-se às necessidades de afiliação e gregárias, por exemplo,exercícios para desenvolvimento de liderança e protagonismo, a formação de afiliações, tais quais grêmios estudantis ,fóruns, ginkanas, que estimulam a competição saudável , a segurança, a auto-estima.
10) Você acredita no social?O que social?Especifiquem...
11) Para você, qual a melhor forma de lidar com os adolescentes?A melhor forma será sempre o diálogo franco e não agressivo,a verdade.Quando os adultos mentem , provocam uma incredulidade que pode ter efeitos fatais aos relacionamentos de várias áreas.E provocam um reflexo negativo;eles passam a mentir também .lembro aqui que mentira não é fantasia.A fantasia pode ser trabalhada e canalizada, otimizada, para teatro, poesia, pintura,pois anda ao lado da criatividade.
12) Relate-nos fatos positivos e modificações positivas já vistas / percebidas por você, através dos seus trabalhos e experiências com os adolescentes.bem , a experi~encia é de longos anos e em Estados diferentes.mas ,efetivamente, já obtivemos , com metodologia preventiva, não violência, o abandono de gangues, de drogadição,de ações errôneas tais a pichação (o grafitismo orientado pode e deve ser estimulado), desenvolvimento de ocupações artísticas (ingressão em coral, grupo teatral, etc),descoberta vocacional,despertar de meios de permuta social e fraterna,exercício sadio de liderança e protagonismo (a contrpartida negativa pode “fazer” um chefe de gang, por exemplo. Mesmo a prostituição juvenil, foi trocada, em casos específicos, por uma ocupação rendosa e prazerosa, qual arte;artesanato.A gravidez indesejada , por ex, pode perfeitamente ser evitada, assim quais as DST/AIDS .
13) Para você, quais os assuntos / temas mais pertinentes para se trabalhar com os adolescentes?A demanda pode vir deles próprios.Ou de acordo com o momento vivido pela faixa etárias, ou por uma necessidade comunitária, mas há uma lista básica que corresponde às naturais curiosidades sobre crescimento e desenvolvimentos físico e mental.Foruns sobre temas ecológicos e mesmo políticos são muito bem vindos.Hábitos comunitários, por exemplo, os remédios caseiros , as hortas, podem ser um bom ponto de partida.Certas atividades artíticas ajuxam bastante, por exemplo, o RAP, porque nas letras, constroem sua história,colocam suas ansiedades, denunciam , reinvidicam.
14) Nosso interesse é a formação de jovens multiplicadores destes valores (éticos, morais, de cidadania) em prol da comunidade escolar, da comunidade local e, conseqüentemente da sociedade. Interessante fazer,através das reflexões, eleições, desenvolvimento do protagonismo, da liderança, das ações pertinentes e necessárias.
Dinâmicas de grupo, colagens, releitura de notícias, recortes de jornais e revistas, rádios comunitários, filmes, filmagens,coros ,teatro, dança, tudo se presta ao estabelevcimento da confiança e da segurança- nos educadores, nos psicólogos, nos assitentes sociais, nos professores e neles próprios.
15) O que você acha do uso da criatividade como forma de trabalho na inserção dessa proposta?A criatividade e a fantasia devem ser estimuladas e postas a serviços do extraordinário potencial dessa faixa etária.
16) Como Poeta, além de Psicóloga, como você acredita que a inserção da Poesia na escola pode ajudar aos estudantes?Adolescentes gostam muito de Poesia, sejam ou não poetas.O estudo das metáforas e outras figuras de linguagem, leva à reflexão,
17) Podem ,os versos, serem musicados (por ex, no rap, nos corais, nos jograis,,teatralizados,etc0
18) E a poesia tem o dom de ampliar a sensibilidade, a percepção do mundo e de si mesmos.facilita o senso de interpretação e criatividade.
19) As oficinas serão dadas a grupos de adolescentes. Como você vê essa interação entre os adolescentes à partir da formação grupal? Todas as variáveis humanas devem ser consideradas .Alguns grupos são mais homogêneos (por faixa etária, por série escolar,por gênero,por dons,interesses etc), ou serem bastante heterogêneos.Cada grupo, costuma solidificar uma personalidade grupal, coletiva, porque a necessidade gregária e a de afiliação facilita essas reações de crenças, repúdios,buscas coletivas.Certos grupos são dissonantes, mas é raro que não se consiga reverter as dificuldades.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
CRP 04-2539
28/12/1/2007
Jornal Ecos-Paris-Brasília(Vânia Diniz) Entrevista Clevane Pesssoa
Jornal'Ecos da Literatura Lusófona
Paris & Brasília
10 de Agosto de 2006 - Edição N°46
Vânia Moreira Diniz Clevane Pessoa
Jornal'Ecos entrevista A Psicóloga, escritora e Poeta Clevane Pessoa
Jornal'Ecos: Querida amiga Clevane, você nasceu no importante Estado do Rio Grande do Norte, em São José do Mipibu guarda alguma recordação da cidade em que nasceu e gostaria de falar um pouco do período em que viveu lá?
Clevane: Na verdade, apenas nasci lá, porque meus avós ali estavam: mamãe, que se casara aos quinze anos, por ser a caçula e muito inexperiente, foi dar à luz perto dos pais. Ela e papai moravam em Natal. Mesmo depois de adulta, tendo morado em muitas cidades e Estados, nunca fui lá. Noutro dia, pela Internet, é que a “visitei”. Ainda bem pequena, além de Natal, morei em João Pessoa (PB), Japurá(fronteira com a Colômbia),Manaus(AM),Recife(PE) e por último, fomos para a Ilha de Fernando de Noronha, onde, aos cinco anos, fiz minha Primeira Comunhão, na Igrejinha dos Remédios. Da Ilha, lembro-me muito bem e foi dela que viemos para Minas Gerais. Completei sete anos ao chegar em Juiz de Fora. Meus pais adoravam mudanças, escolhiam um lugar que os atraía e nos comunicavam. Nós, as crianças, aprendíamos geografia e, naturalmente, um pouco de História, Ciência e Astronomia, ao vivo...Era muito divertido viajar tanto...
Jornal'Ecos: Em Belo Horizonte a bela capital mineira, com foi sua chegada e os primeiros anos passados lá?
Clevane: Vim morar em Belo Horizonte quando casei-me pela segunda vez, com o engenheiro Eduardo Lopes da Silva, em 1979.Aproveitava todo tempo livre para conhecer a cidade, mas estava no último ano de Psicologia, fazia estágios e trabalhava no INAMPS, era muito ocupada. Passei aqui três anos, e quando Gabriel, meu segundo filho completou três meses de vida, fomos para S. Luiz, a Ilha do Amor, terra de Gonçalves Dias, onde passamos seis anos. De lá para S. Paulo e depois para a capital do Pará, Belém. Somente retornei a Belo Horizonte em 1990,parando, por fim , com tantas andanças...Somente agora é que realmente estou conhecendo a cidade... Mas adoro viajar, o costume ficou enraizado em mim.
Jornal'Ecos: Gostaria muito que falasse um pouco de sua família e da influência dela em suas decisões futuras?
Clevane: Minha família era maravilhosa, éramos alegres e talentosos para isto ou aquilo...Tive pais incríveis, avançados para a época, por exemplo, quando a inglesa Mary Quant lançou a minissaia minhas colegas eram recriminadas pela família se a usavam e meu pai mandava encurtar mais,” pois o que é bonito, deve-se mostrar”. Aprendemos, minha mana Cleone e eu, que a moral não está no modo de vestir apenas...Dançávamos muito-meu pai uma vez foi ao Rio de janeiro aprendeu Twist e fazíamos bailinhos no qual ele e mamãe ensinavam a nova moda às minhas colegas e rapazinhos...Ele comprava-me dezenas de livros, incentivava a leitura mesmo de revistas em quadrinhos, quando a maioria dos adultos decretava que “gibi” fazia mal...Também adoravam Cinema - e os filmes impróprios para menores tinham o enredo contado por mamãe que apenas atenuava as cenas mais fortes. Aos domingos, nos levavam às matinèe, no Cine central em Juiz de Fora.. .Ela era grande missivista e eu naturalmente, a imitava, correspondia-me com os parentes e amigos distantes, o que me tornou sem preguiça para escrever, desde pequena, longas redações. Papai ensinou-me ortografia Creio que minha mãe preparou-me, oralmente, para ser escritora. Contava “histórias de Trancoso”, cantava todas as músicas que aprendia, sapateava, ensinou-me a declamar. Sou a mais velha de seis: Cleone, Luiz Máximo, Cleber Franck, Nildo Roberto e Lourival Jr. Eles gostavam de ter crianças pequenas em casa e quando um estava grandinho, papai convidava mamãe a arranjar outro nenê, o que ela aceitava alegremente. O filho caçula, Juninho, por ser especial (Síndrome de Down), precisou de mais atenção então as gravidezes acabaram. Também criaram filhas adotivas.
Meu avô materno, paraibano, era jornalista e poeta. Ensinou-me a versificar. Eu sempre me senti a neta predileta... Mais tarde eu própria, nos Anos de Chumbo, trilhei o jornalismo. A primeira poesia brotou-me aos dez anos, em plena aula...O avô paterno era maestro e adoro música, embora nada toque. Qual a tia Terezinha , irmã de papai, pinto a óleo. Qual o tio Franck, irmão de mamãe, desenho, embora não tinha convivido tanto com eles, por causa das viagens. Somente voltei a natal, onde a maioria reside, já adulta.
Jornal'Ecos: Escolheu a psicologia para atuar por mero acaso, por algum fato determinante ou era algo que estava já dentro de você?
Clevane: Sempre fui escolhida como confidente de pessoas mais velhas às de minha faixa etária. Mamãe tinha esse dom também Ainda por cima, ela fez-me sua confidente, desde criança... Eu adorava exercer todas as modalidades de jornalismo, mas quando separei-me de meu primeiro marido, o jornalista Messias da Rocha, pai de Cleanton Alessandro, meu primogênito, fiz cursinho e fui da segunda turma de psicologia do CES (Centro de Ensino Superio, em Juiz de Fora) , pois o nascimento de Juninho motivou-me mais a fazer Psicologia e ajudá-lo. Sempre fui fascinada pelo comportamento humano, meus personagens não são criações aleatórias e sim explicadas em vários ângulos. Sempre li muito essa matéria, muito antes de cursar a faculdade. O último ano, fiz em Belo Horizonte , na FUMEC, pois me uni ao Eduardo no último semestre do curso.
Jornal'Ecos: Quais foram os grandes mestres que lhe fascinaram ?
Clevane: Jesus Cristo (eu achava que era a queridinha do filho de Deus), meu pai, Sidarta (“Buda”). Depois Ghandi, a garça, Golda Meir, Martin Luther King, Mandela. meus avós...
Jornal'Ecos: Tem orgulho consciente e justo da vida que está trilhando?
Clevane: Fico bastante contente com minhas vitórias, respeito as minhas lutas como um desafio a crescer ainda mais. Não sou vaidosa, quanto a premiações, por exemplo. Acho um golpe de sorte que um determinado texto, preenchendo os requisitos básicos de originalidade, correção ortográfica, tenham um estilo que vá agradar justamente àquele tal corpo de jurados entre tantos outros concorrentes. O contrário pode ocorrer: um escrito perfeito, por ser diferente, desagradar... Quando ganhei o prêmio ex-aequo de Primeiro lugar de conto, nos XXIII Jogos Florais do Algarve, em Portugal, por exemplo, eu ficava sorrindo sozinha: ”Primeiro Lugar”, repetia, contentíssima. Nem pude ir receber o prêmio, porque não consegui um patrocínio. Na premiação constava uma excursão à zona medieval de Portugal e três dias em Hotel. Para a viagem ficar menos cara, era preciso ficar pelo menos uma semana, então eu teria de arcar com os demais dias de hospedagem. Não houve ONG nem órgão governamental que quisesse ajudar. Disseram, de Brasília, que eu teria de ter entrado pelo menos com quarenta e cinco dias antes, com o pedido, da data da viagem. Mas tentei, até esgotar recursos. Recebi, do Governo do Faro, um prato de bronze lindíssimo, onde atrás agradeciam, à contista brasileira, “a presença entre nós”. Devem ter gravado julgando que iria. Com o prato, veio uma grande e pesada Medalha com o rosto de Samora Barros, o poeta homenageado e a coletânea. Todos os prêmios e troféus, valorizo, amo...
Também tenho a maior alegria de ter trabalhado com população carente, em especial com adolescentes e idosos, famílias, mulheres. Quando fui homenageada na Assembléia Legislativa de Belo Horizonte, no Dia da Mulher, no ano de 2001,já aposentada, recebi, emocionada, uma placa ,mas o que fez-me chorar foi um adulto jovem, de cuja adolescência eu cuidara no Hospital Júlia Kubitscheck, onde criei e coordenei a casa da Criança e do Adolescente, dizer-me, após a cerimônia: ”Clevane nenhum de nós que passou por você, deu prá coisa ruim”. Na realidade, são todos jovens de bem, líderes e empoderados, em franco progresso ou pobreza digna...
Jornal'Ecos: A Revolução de 64 marcou muito sua juventude? Pode relatar algum fato mais doloroso nessa época de incertezas?
Clevane: Vivi muitas dolorosas experiências, por exemplo, com a prisão de colegas. Um deles, o astrônomo Roberto Guedes era noivo da atriz Marta Sirimarco. que escrevia a coluna de Teatro e foi um horror sabê-lo desaparecido, acompanhar a luta da jovem para conseguir-lhe uma fuga. Muitos anos depois, abri um grande Jornal e lá estava ele, falando de seus queridos astros e estrelas...Muitas pessoas vinham a mim contar torturas, porque papi era militar, tentando ajuda, no entanto ele não compactuou com o regime. Era sargento telegrafista, ficando no seu gabinete, mas quando foi promovido a tenente e teve de sair do casulo, pediu a reforma, mesmo tendo curso até major. Ele, que sempre foi muito bondoso com crianças e animais, adoeceu e teve de ser hospitalizado. Por questões de ética militar, jamais nos contou nada. Eu o levava, sem problemas, para almoçar lá em casa, jovens que recolhia, às vezes sem lugar para ir. Um dos lugares onde se escondiam durante o dia, era a galeria de Arte Celina, mantida pela família Bracher, em homenagem à artista morta. Penso que os “milicos”, não se lembravam de procurar “subversivos” ali...Muitas vezes, como repórter, fui ameaçada, por exemplo, quando, num evento da Escola Federal de Engenharia, cheguei a um lançamento de livros do Carlos Heitor Cony e do Poerner, com meu amigo Cláudio Augusto de Miranda Sá, fomos recebidos por metralhadoras na mão de jovens PM’s. Eu sempre mantinha, nesses momentos críticos, um facies de alienada e nos deixaram ir. Fomos... diretamente para o hotel onde estavam. Fizemos uma entrevista e tanto. Eu sempre publicava tudo. A “Gazeta Comercial”, onde escrevia, era a linotipos, então eu ia à gráfica e entregava as matérias diretamente a um linotipista, o Zequinha, de quem era comadre. Quando Rubens Braga, Vinicius de Moraes e Fernando Sabino, bastante reprimidos no Rio, estiveram em Juiz de Fora, o diretor, temeroso das minhas clevanices, disse que não os entrevistasse. Eu queria, inclusive, fotos. Não iria perder a chance de estar com meus ídolos. Liguei então para a redação. Atendeu-me o “Seu” Théo Sobrinho, o dono do jornal. Eu falei: ”Seu Theo, o Vinicius chegou”. Ele: ”Quem o Ministro?” E eu”: Sim, o Ministro”. O fotógrafo chegou e eu conversei por muito tempo com o trio, ficando encantada porque o Vinicius me elogiou. galante, os longos cabelos, Braga a juventude e Sabino, a “inteligência”.. O redator chefe, Sr. Paulo Lenz, irmão do diretor, vibrava com minha “coragem”, talvez a inconseqüência inocente da juventude...
Uma vez um advogado pediu-me, cheio de mistérios, que fosse visitar o irmão machucado, fazer-lhe companhia. O rapaz estava engessado, muito ferido, cheio de alucinações. Haviam conseguido retirá-lo, após tortura. Passei uma tarde dando uma de psicóloga, muito antes de entrar nessa faculdade, horrorizada, penalizada...J amais contei a meus pais essa visita, para não preocupá-los. O pai de uma amiga também desapareceu e quando a mãe dela soube das circunstâncias de sua tortura e morte, urrava, dizendo que o marido era um bom homem e que aquilo era “um insulto de Deus”, uma injustiça...Eu, pessoalmente, jamais fui perseguida abertamente, embora sempre tivesse alguém a vigiar-me, em várias circunstâncias.
Jornal'Ecos: Como surgiu a literatura de forma definitiva em sua vida?
Clevane: Penso que já na escola, queria ser escritora, minhas redações iam “para livros de ouro”, eram afixadas no pátio, e, em Itajubá, sul de Minas, onde morei dos doze aos dezesseis anos, fui escolhida para redatora – chefe de um jornal da Escola Sagrado Coração de Jesus, ( Irmãs da Congregação da Previdência) chamado Voz das MilTambém tive uma crítica literária publicada na revista da congregação. Como uma premonição, chamei-a...”Sapatilhas e Botinas”.
Ao retornar a Juiz de Fora, enviei textos a um concurso de crônicas. Passei dias me torturando, achando que nem os leriam porque os temas eram Operária, Satélite e um outro. Para o primeiro, escrevi sobre o trabalho materno, a mãe, “uma operária completa”, em vez de falar das mulheres que trabalhavam nas muitas fábricas existentes na cidade. Sobre “satélite”, em vez de falar do espacial, falei de pessoas “puxaquistas militantes”, que gravitam na órbita de alguém para favorecer-se. E ganhei o primeiro lugar, troféu Domervilly Nóbrega, com Operária....O radialista, mais tarde professor de jornalismo, José Carlos de Lery Guimarães, clamava pelo programa:” senhor Clevane, por favor, apareça, comunique-se, o segundo e o terceiro lugar ja apareceram Precisamos marcar a entrega de prêmios”. Cleonice Rainho , se não me engano e Marilda Ladeira, foram classificadas, eram mulheres feitas, ecritoras já conhecidas, o que me constrangia. A partir daí, minha carreira de escritora ficou definida Mais tarde, estudei, no Vice- Consulado de Portugal, Literatura Portuguesa, com Cleonice Rainhoe lhe contei isso. Ela achou muita graça...Um dia, reuni minhas crônicas e levei às redações dos jornais da cidade. Fui aprovada, escolhi a Gazeta Comercial, onde ganharia menos, mas poderia fazer “de um tudo”. E adorei.
Jornal'Ecos: Seu momento de criação vem de algum acontecimento específico ou pode surgir repentinamente?
Clevane: Às vezes, um personagem chega e se instala, pede-me que conte sua história, insistentemente, fico inquieta enquanto não sento e o imagino, para descrever. Noutras, uma história “lateja” até que a desenvolvo. Não raro, o protagonista muda tudo que eu tinha planejado. Muito observadora, costumo ver acontecências e depois as reconto, com fantasia e criatividade. Não há nenhum método, mas escrever é sempre um prazer, nenhum sofrimento. Se pudesse, escrevia sem parar. Poesias, é só apaixonar-me por uma palavra, que elas se desenrolam da meada poética. É só experenciar uma emoção ou a de outrem, idem... Trovas são mais elaborada, sextilhas e sonetos, idem. Mas transito livremente da poesia concreta ou processo, para os versos brancos, a prosa poética. Gosto tanto de haikais, minipoema e agora Poetrix, como dos longos e das crônicas Na Gazeta Comercial tinha, por exemplo, uma coluna diária, chamada Clevane Comenta e, aos domingos, uma página inteira, de Artes e Letras, onde fazia crítica literária, colocava entrevistas, etc. E era só sobrar espaço, que eu escrevia uma poesia...Só ia lê-la no outro dia, quando saia a tiragem...Quando estou triste, escrevo mais.
Jornal'Ecos: Pode citar algum fato curioso envolvendo seu primeiro nome?
Clevane: Sim , muitos, mas quando eu estava na Gazeta, achavam que eu era homem, mesmo meu nome sendo feminino, a meu ver. À época da minissaia(nos Anos 60), escrevi um artigo na revista “O Lince”(hoje extinta),sobre a nova moda. O desembargador Vasques Filho, de Fortaleza, Ceará, mandou-me longa missiva, de” homem para homem”, comentando como se sentia vendo pernas de fora e desejava que “Oxalá as mulheres em breve, passassem a vestir-se como Evas, ou seja, com nada”, algo assim. Respondi num papel cor-de-rosa, dizendo-me uma senhorita. A partir daí, nos correspondemos, ele se lembrando da Juiz de Fora que conhecera e mandando-me lindos cartões, pois era aquarelista. Quando eu ia nascer, papai queria um Cleber. Não havia ultrassonografia, então nasci e ele escreveu numa lista, nomes iniciados por “Cle”. mamãe e ele optaram por Clevane, por ser diferente. E tive de ser, à força dessa sinalização...Mamãe, que era parteira, muitas vezes dava seu nome, a pedido das parturientes, às meninas (Terezinha).Quando já havia uma, resolviam dar o meu ou o de minha irmã Cleone. Em sites de busca, já vi algumas “Clevane”, todas mais novas que eu. Jamais encontrei pessoalmente , alguma. Curiosamente, meu segundo marido, antes de mim, namorou uma Cleivan... Sou chamada de Cleovane, Cleivane, Clivane, etc. Na Internet há uma poeta Clivânia. Adoro meu nome, que me distingue e marca.
Jornal'Ecos: Você nasceu numa cidade pequena do Nordeste e foi criada na tradicionalista Minas Gerais , pelo menos há alguns atrás, contrastando com a atuação de uma escritora, poeta e mulher. Sofreu algum tipo de preconceito?
Clevane: Nunca experenciei preconceitos, sempre coloquei-me lado a lado com o homem, lutei e luto pelos direitos da Mulher, e a educação que recebi deu-me sempre muita segurança. tanto o Nordeste quanto Minas são tradicionalistas, Meus pais eram rigorosos apenas em certas questões: caráter, honestidade e...virgindade. Acho que fui a” penúltima donzela” até casar-me... O papel da escritora é usar a palavra como sua arma, na defesa do belo, do amor, sim, mas principalmente, em prol das militâncias sociais, das denúncias, dos exemplos edificantes...
Jornal'Ecos: Sua vida de psicóloga ajuda na composição de seus “cantos”?
Clevane: Muitíssimo, porque a pessoa ,com seus significantes e significados, bem como a palavra, instrumento deles, me fascinam e oferecem suas múltiplas faces para a descrição verbo-poética.
Jornal'Ecos: O que o desenho, o colorido significou para você e sei que seus leitores gostariam de saber desse seu lado de “artista plástica”, entre tantos talentos.
Clevane: Sempre desenhei, mas foi aos doze anos que comecei a desenhar mulheres, porque uma prima o fazia e eu me encantei quase ludicamente, ao ver que podia representar a figura humana também além as coisas. Uma professora, no Ginásio Estadual de Juiz de fora, Nanci Ventura Campi, recomendou-me a Escola de Belas Artes Antonio Parreiras. Adorei e falei com papai , que imediatamente foi lá sondar o ambiente para sua princesinha, e colocou-me como aluna do presidente, Clério de Souza, que assinava como Pimpinela. Ele, rigoroso, ensinou-me a desenhar em perspectiva, sombra e luz, usando o fusain, o crayon, em papel cinza, que era usado nos açougues para embrulhar carne. Até hoje, o reflexo, a sombra e a luz me fascinam. Meu primeiro livro editado chama-se Sombras feitas de Luz(*).O segundo, Asas de Água, possui quatro ilustrações minhas a bico-de-pena e a capa é de meu filho, Allez Pessoa, que herdou meu dom...Fiz, aos quinze anos, uma tela a óleo com professora, mas saí logo da sua escola,, por não suportar cópia, sem poder criar. Autodidata, a partir daí, fiz muitos quadros, que andam pelos brasis, porque viajei muito. Fiz muitos posterpoemas, para exposições. Meu estilo literário é sempre cheio de nuances, como se eu desenhasse escrevendo.
Tenho ilustrado livros, criei o Projeto Poesia no Pano, desenhando e escrevendo diretamente em páginas de tecido e montando os livros artesanalmente. Atualmente desenho uma capa e ilustro um livro de contos.
Jornal'Ecos: Quem é Clevane Pessoa, a psicóloga, ,a escritora, a poeta? Conseguiria em algumas frases definí-la?
Clevane: A psicóloga: uma pessoa que gosta de-e respeita- pessoas, sem preconceitos, atenta na relação de ajuda, para que cresçam, se modifiquem para ser mais felizes. Luto pela justiça social, pelo empoderamento da mulher, dos direitos humanos, das minorias necessitadas. Gosto de criar dinâmicas de grupo, técnicas para manejo, fazer oficinas, dar palestras. A relação de ajuda faz-me muito feliz.
A escritora: sempre a escrevinhar, com mais de dez livros para editar, sem nehuma perspectiva de parar de criar, um dia...
A poeta: minha essência reside no castelo mágico da Poesia. Estou e sou perenemente em/cantada por essa feiticeira do Bem...
Jornal'Ecos- Agradecemos, sua linda entrevista e a oportunidade de ouvi-la e de saber um pouco mais de você.
Clevane: Vânia: a oportunidade que você me deu, aqui no Jornal Ecos, não tem preço: adorei rememorar-me (reenamorar-me de mim ?).Quantas vezes, preocupadas com os outros esquecemos um pouco de nós mesmas? Agora, acabo de reenrolar o fio multicolorido de minha vida, novelo com cinqüenta e sete anos, renovando - o... Agradeço eu, a você e ao Jornal'Ecos.
Paris & Brasília
10 de Agosto de 2006 - Edição N°46
Vânia Moreira Diniz Clevane Pessoa
Jornal'Ecos entrevista A Psicóloga, escritora e Poeta Clevane Pessoa
Jornal'Ecos: Querida amiga Clevane, você nasceu no importante Estado do Rio Grande do Norte, em São José do Mipibu guarda alguma recordação da cidade em que nasceu e gostaria de falar um pouco do período em que viveu lá?
Clevane: Na verdade, apenas nasci lá, porque meus avós ali estavam: mamãe, que se casara aos quinze anos, por ser a caçula e muito inexperiente, foi dar à luz perto dos pais. Ela e papai moravam em Natal. Mesmo depois de adulta, tendo morado em muitas cidades e Estados, nunca fui lá. Noutro dia, pela Internet, é que a “visitei”. Ainda bem pequena, além de Natal, morei em João Pessoa (PB), Japurá(fronteira com a Colômbia),Manaus(AM),Recife(PE) e por último, fomos para a Ilha de Fernando de Noronha, onde, aos cinco anos, fiz minha Primeira Comunhão, na Igrejinha dos Remédios. Da Ilha, lembro-me muito bem e foi dela que viemos para Minas Gerais. Completei sete anos ao chegar em Juiz de Fora. Meus pais adoravam mudanças, escolhiam um lugar que os atraía e nos comunicavam. Nós, as crianças, aprendíamos geografia e, naturalmente, um pouco de História, Ciência e Astronomia, ao vivo...Era muito divertido viajar tanto...
Jornal'Ecos: Em Belo Horizonte a bela capital mineira, com foi sua chegada e os primeiros anos passados lá?
Clevane: Vim morar em Belo Horizonte quando casei-me pela segunda vez, com o engenheiro Eduardo Lopes da Silva, em 1979.Aproveitava todo tempo livre para conhecer a cidade, mas estava no último ano de Psicologia, fazia estágios e trabalhava no INAMPS, era muito ocupada. Passei aqui três anos, e quando Gabriel, meu segundo filho completou três meses de vida, fomos para S. Luiz, a Ilha do Amor, terra de Gonçalves Dias, onde passamos seis anos. De lá para S. Paulo e depois para a capital do Pará, Belém. Somente retornei a Belo Horizonte em 1990,parando, por fim , com tantas andanças...Somente agora é que realmente estou conhecendo a cidade... Mas adoro viajar, o costume ficou enraizado em mim.
Jornal'Ecos: Gostaria muito que falasse um pouco de sua família e da influência dela em suas decisões futuras?
Clevane: Minha família era maravilhosa, éramos alegres e talentosos para isto ou aquilo...Tive pais incríveis, avançados para a época, por exemplo, quando a inglesa Mary Quant lançou a minissaia minhas colegas eram recriminadas pela família se a usavam e meu pai mandava encurtar mais,” pois o que é bonito, deve-se mostrar”. Aprendemos, minha mana Cleone e eu, que a moral não está no modo de vestir apenas...Dançávamos muito-meu pai uma vez foi ao Rio de janeiro aprendeu Twist e fazíamos bailinhos no qual ele e mamãe ensinavam a nova moda às minhas colegas e rapazinhos...Ele comprava-me dezenas de livros, incentivava a leitura mesmo de revistas em quadrinhos, quando a maioria dos adultos decretava que “gibi” fazia mal...Também adoravam Cinema - e os filmes impróprios para menores tinham o enredo contado por mamãe que apenas atenuava as cenas mais fortes. Aos domingos, nos levavam às matinèe, no Cine central em Juiz de Fora.. .Ela era grande missivista e eu naturalmente, a imitava, correspondia-me com os parentes e amigos distantes, o que me tornou sem preguiça para escrever, desde pequena, longas redações. Papai ensinou-me ortografia Creio que minha mãe preparou-me, oralmente, para ser escritora. Contava “histórias de Trancoso”, cantava todas as músicas que aprendia, sapateava, ensinou-me a declamar. Sou a mais velha de seis: Cleone, Luiz Máximo, Cleber Franck, Nildo Roberto e Lourival Jr. Eles gostavam de ter crianças pequenas em casa e quando um estava grandinho, papai convidava mamãe a arranjar outro nenê, o que ela aceitava alegremente. O filho caçula, Juninho, por ser especial (Síndrome de Down), precisou de mais atenção então as gravidezes acabaram. Também criaram filhas adotivas.
Meu avô materno, paraibano, era jornalista e poeta. Ensinou-me a versificar. Eu sempre me senti a neta predileta... Mais tarde eu própria, nos Anos de Chumbo, trilhei o jornalismo. A primeira poesia brotou-me aos dez anos, em plena aula...O avô paterno era maestro e adoro música, embora nada toque. Qual a tia Terezinha , irmã de papai, pinto a óleo. Qual o tio Franck, irmão de mamãe, desenho, embora não tinha convivido tanto com eles, por causa das viagens. Somente voltei a natal, onde a maioria reside, já adulta.
Jornal'Ecos: Escolheu a psicologia para atuar por mero acaso, por algum fato determinante ou era algo que estava já dentro de você?
Clevane: Sempre fui escolhida como confidente de pessoas mais velhas às de minha faixa etária. Mamãe tinha esse dom também Ainda por cima, ela fez-me sua confidente, desde criança... Eu adorava exercer todas as modalidades de jornalismo, mas quando separei-me de meu primeiro marido, o jornalista Messias da Rocha, pai de Cleanton Alessandro, meu primogênito, fiz cursinho e fui da segunda turma de psicologia do CES (Centro de Ensino Superio, em Juiz de Fora) , pois o nascimento de Juninho motivou-me mais a fazer Psicologia e ajudá-lo. Sempre fui fascinada pelo comportamento humano, meus personagens não são criações aleatórias e sim explicadas em vários ângulos. Sempre li muito essa matéria, muito antes de cursar a faculdade. O último ano, fiz em Belo Horizonte , na FUMEC, pois me uni ao Eduardo no último semestre do curso.
Jornal'Ecos: Quais foram os grandes mestres que lhe fascinaram ?
Clevane: Jesus Cristo (eu achava que era a queridinha do filho de Deus), meu pai, Sidarta (“Buda”). Depois Ghandi, a garça, Golda Meir, Martin Luther King, Mandela. meus avós...
Jornal'Ecos: Tem orgulho consciente e justo da vida que está trilhando?
Clevane: Fico bastante contente com minhas vitórias, respeito as minhas lutas como um desafio a crescer ainda mais. Não sou vaidosa, quanto a premiações, por exemplo. Acho um golpe de sorte que um determinado texto, preenchendo os requisitos básicos de originalidade, correção ortográfica, tenham um estilo que vá agradar justamente àquele tal corpo de jurados entre tantos outros concorrentes. O contrário pode ocorrer: um escrito perfeito, por ser diferente, desagradar... Quando ganhei o prêmio ex-aequo de Primeiro lugar de conto, nos XXIII Jogos Florais do Algarve, em Portugal, por exemplo, eu ficava sorrindo sozinha: ”Primeiro Lugar”, repetia, contentíssima. Nem pude ir receber o prêmio, porque não consegui um patrocínio. Na premiação constava uma excursão à zona medieval de Portugal e três dias em Hotel. Para a viagem ficar menos cara, era preciso ficar pelo menos uma semana, então eu teria de arcar com os demais dias de hospedagem. Não houve ONG nem órgão governamental que quisesse ajudar. Disseram, de Brasília, que eu teria de ter entrado pelo menos com quarenta e cinco dias antes, com o pedido, da data da viagem. Mas tentei, até esgotar recursos. Recebi, do Governo do Faro, um prato de bronze lindíssimo, onde atrás agradeciam, à contista brasileira, “a presença entre nós”. Devem ter gravado julgando que iria. Com o prato, veio uma grande e pesada Medalha com o rosto de Samora Barros, o poeta homenageado e a coletânea. Todos os prêmios e troféus, valorizo, amo...
Também tenho a maior alegria de ter trabalhado com população carente, em especial com adolescentes e idosos, famílias, mulheres. Quando fui homenageada na Assembléia Legislativa de Belo Horizonte, no Dia da Mulher, no ano de 2001,já aposentada, recebi, emocionada, uma placa ,mas o que fez-me chorar foi um adulto jovem, de cuja adolescência eu cuidara no Hospital Júlia Kubitscheck, onde criei e coordenei a casa da Criança e do Adolescente, dizer-me, após a cerimônia: ”Clevane nenhum de nós que passou por você, deu prá coisa ruim”. Na realidade, são todos jovens de bem, líderes e empoderados, em franco progresso ou pobreza digna...
Jornal'Ecos: A Revolução de 64 marcou muito sua juventude? Pode relatar algum fato mais doloroso nessa época de incertezas?
Clevane: Vivi muitas dolorosas experiências, por exemplo, com a prisão de colegas. Um deles, o astrônomo Roberto Guedes era noivo da atriz Marta Sirimarco. que escrevia a coluna de Teatro e foi um horror sabê-lo desaparecido, acompanhar a luta da jovem para conseguir-lhe uma fuga. Muitos anos depois, abri um grande Jornal e lá estava ele, falando de seus queridos astros e estrelas...Muitas pessoas vinham a mim contar torturas, porque papi era militar, tentando ajuda, no entanto ele não compactuou com o regime. Era sargento telegrafista, ficando no seu gabinete, mas quando foi promovido a tenente e teve de sair do casulo, pediu a reforma, mesmo tendo curso até major. Ele, que sempre foi muito bondoso com crianças e animais, adoeceu e teve de ser hospitalizado. Por questões de ética militar, jamais nos contou nada. Eu o levava, sem problemas, para almoçar lá em casa, jovens que recolhia, às vezes sem lugar para ir. Um dos lugares onde se escondiam durante o dia, era a galeria de Arte Celina, mantida pela família Bracher, em homenagem à artista morta. Penso que os “milicos”, não se lembravam de procurar “subversivos” ali...Muitas vezes, como repórter, fui ameaçada, por exemplo, quando, num evento da Escola Federal de Engenharia, cheguei a um lançamento de livros do Carlos Heitor Cony e do Poerner, com meu amigo Cláudio Augusto de Miranda Sá, fomos recebidos por metralhadoras na mão de jovens PM’s. Eu sempre mantinha, nesses momentos críticos, um facies de alienada e nos deixaram ir. Fomos... diretamente para o hotel onde estavam. Fizemos uma entrevista e tanto. Eu sempre publicava tudo. A “Gazeta Comercial”, onde escrevia, era a linotipos, então eu ia à gráfica e entregava as matérias diretamente a um linotipista, o Zequinha, de quem era comadre. Quando Rubens Braga, Vinicius de Moraes e Fernando Sabino, bastante reprimidos no Rio, estiveram em Juiz de Fora, o diretor, temeroso das minhas clevanices, disse que não os entrevistasse. Eu queria, inclusive, fotos. Não iria perder a chance de estar com meus ídolos. Liguei então para a redação. Atendeu-me o “Seu” Théo Sobrinho, o dono do jornal. Eu falei: ”Seu Theo, o Vinicius chegou”. Ele: ”Quem o Ministro?” E eu”: Sim, o Ministro”. O fotógrafo chegou e eu conversei por muito tempo com o trio, ficando encantada porque o Vinicius me elogiou. galante, os longos cabelos, Braga a juventude e Sabino, a “inteligência”.. O redator chefe, Sr. Paulo Lenz, irmão do diretor, vibrava com minha “coragem”, talvez a inconseqüência inocente da juventude...
Uma vez um advogado pediu-me, cheio de mistérios, que fosse visitar o irmão machucado, fazer-lhe companhia. O rapaz estava engessado, muito ferido, cheio de alucinações. Haviam conseguido retirá-lo, após tortura. Passei uma tarde dando uma de psicóloga, muito antes de entrar nessa faculdade, horrorizada, penalizada...J amais contei a meus pais essa visita, para não preocupá-los. O pai de uma amiga também desapareceu e quando a mãe dela soube das circunstâncias de sua tortura e morte, urrava, dizendo que o marido era um bom homem e que aquilo era “um insulto de Deus”, uma injustiça...Eu, pessoalmente, jamais fui perseguida abertamente, embora sempre tivesse alguém a vigiar-me, em várias circunstâncias.
Jornal'Ecos: Como surgiu a literatura de forma definitiva em sua vida?
Clevane: Penso que já na escola, queria ser escritora, minhas redações iam “para livros de ouro”, eram afixadas no pátio, e, em Itajubá, sul de Minas, onde morei dos doze aos dezesseis anos, fui escolhida para redatora – chefe de um jornal da Escola Sagrado Coração de Jesus, ( Irmãs da Congregação da Previdência) chamado Voz das MilTambém tive uma crítica literária publicada na revista da congregação. Como uma premonição, chamei-a...”Sapatilhas e Botinas”.
Ao retornar a Juiz de Fora, enviei textos a um concurso de crônicas. Passei dias me torturando, achando que nem os leriam porque os temas eram Operária, Satélite e um outro. Para o primeiro, escrevi sobre o trabalho materno, a mãe, “uma operária completa”, em vez de falar das mulheres que trabalhavam nas muitas fábricas existentes na cidade. Sobre “satélite”, em vez de falar do espacial, falei de pessoas “puxaquistas militantes”, que gravitam na órbita de alguém para favorecer-se. E ganhei o primeiro lugar, troféu Domervilly Nóbrega, com Operária....O radialista, mais tarde professor de jornalismo, José Carlos de Lery Guimarães, clamava pelo programa:” senhor Clevane, por favor, apareça, comunique-se, o segundo e o terceiro lugar ja apareceram Precisamos marcar a entrega de prêmios”. Cleonice Rainho , se não me engano e Marilda Ladeira, foram classificadas, eram mulheres feitas, ecritoras já conhecidas, o que me constrangia. A partir daí, minha carreira de escritora ficou definida Mais tarde, estudei, no Vice- Consulado de Portugal, Literatura Portuguesa, com Cleonice Rainhoe lhe contei isso. Ela achou muita graça...Um dia, reuni minhas crônicas e levei às redações dos jornais da cidade. Fui aprovada, escolhi a Gazeta Comercial, onde ganharia menos, mas poderia fazer “de um tudo”. E adorei.
Jornal'Ecos: Seu momento de criação vem de algum acontecimento específico ou pode surgir repentinamente?
Clevane: Às vezes, um personagem chega e se instala, pede-me que conte sua história, insistentemente, fico inquieta enquanto não sento e o imagino, para descrever. Noutras, uma história “lateja” até que a desenvolvo. Não raro, o protagonista muda tudo que eu tinha planejado. Muito observadora, costumo ver acontecências e depois as reconto, com fantasia e criatividade. Não há nenhum método, mas escrever é sempre um prazer, nenhum sofrimento. Se pudesse, escrevia sem parar. Poesias, é só apaixonar-me por uma palavra, que elas se desenrolam da meada poética. É só experenciar uma emoção ou a de outrem, idem... Trovas são mais elaborada, sextilhas e sonetos, idem. Mas transito livremente da poesia concreta ou processo, para os versos brancos, a prosa poética. Gosto tanto de haikais, minipoema e agora Poetrix, como dos longos e das crônicas Na Gazeta Comercial tinha, por exemplo, uma coluna diária, chamada Clevane Comenta e, aos domingos, uma página inteira, de Artes e Letras, onde fazia crítica literária, colocava entrevistas, etc. E era só sobrar espaço, que eu escrevia uma poesia...Só ia lê-la no outro dia, quando saia a tiragem...Quando estou triste, escrevo mais.
Jornal'Ecos: Pode citar algum fato curioso envolvendo seu primeiro nome?
Clevane: Sim , muitos, mas quando eu estava na Gazeta, achavam que eu era homem, mesmo meu nome sendo feminino, a meu ver. À época da minissaia(nos Anos 60), escrevi um artigo na revista “O Lince”(hoje extinta),sobre a nova moda. O desembargador Vasques Filho, de Fortaleza, Ceará, mandou-me longa missiva, de” homem para homem”, comentando como se sentia vendo pernas de fora e desejava que “Oxalá as mulheres em breve, passassem a vestir-se como Evas, ou seja, com nada”, algo assim. Respondi num papel cor-de-rosa, dizendo-me uma senhorita. A partir daí, nos correspondemos, ele se lembrando da Juiz de Fora que conhecera e mandando-me lindos cartões, pois era aquarelista. Quando eu ia nascer, papai queria um Cleber. Não havia ultrassonografia, então nasci e ele escreveu numa lista, nomes iniciados por “Cle”. mamãe e ele optaram por Clevane, por ser diferente. E tive de ser, à força dessa sinalização...Mamãe, que era parteira, muitas vezes dava seu nome, a pedido das parturientes, às meninas (Terezinha).Quando já havia uma, resolviam dar o meu ou o de minha irmã Cleone. Em sites de busca, já vi algumas “Clevane”, todas mais novas que eu. Jamais encontrei pessoalmente , alguma. Curiosamente, meu segundo marido, antes de mim, namorou uma Cleivan... Sou chamada de Cleovane, Cleivane, Clivane, etc. Na Internet há uma poeta Clivânia. Adoro meu nome, que me distingue e marca.
Jornal'Ecos: Você nasceu numa cidade pequena do Nordeste e foi criada na tradicionalista Minas Gerais , pelo menos há alguns atrás, contrastando com a atuação de uma escritora, poeta e mulher. Sofreu algum tipo de preconceito?
Clevane: Nunca experenciei preconceitos, sempre coloquei-me lado a lado com o homem, lutei e luto pelos direitos da Mulher, e a educação que recebi deu-me sempre muita segurança. tanto o Nordeste quanto Minas são tradicionalistas, Meus pais eram rigorosos apenas em certas questões: caráter, honestidade e...virgindade. Acho que fui a” penúltima donzela” até casar-me... O papel da escritora é usar a palavra como sua arma, na defesa do belo, do amor, sim, mas principalmente, em prol das militâncias sociais, das denúncias, dos exemplos edificantes...
Jornal'Ecos: Sua vida de psicóloga ajuda na composição de seus “cantos”?
Clevane: Muitíssimo, porque a pessoa ,com seus significantes e significados, bem como a palavra, instrumento deles, me fascinam e oferecem suas múltiplas faces para a descrição verbo-poética.
Jornal'Ecos: O que o desenho, o colorido significou para você e sei que seus leitores gostariam de saber desse seu lado de “artista plástica”, entre tantos talentos.
Clevane: Sempre desenhei, mas foi aos doze anos que comecei a desenhar mulheres, porque uma prima o fazia e eu me encantei quase ludicamente, ao ver que podia representar a figura humana também além as coisas. Uma professora, no Ginásio Estadual de Juiz de fora, Nanci Ventura Campi, recomendou-me a Escola de Belas Artes Antonio Parreiras. Adorei e falei com papai , que imediatamente foi lá sondar o ambiente para sua princesinha, e colocou-me como aluna do presidente, Clério de Souza, que assinava como Pimpinela. Ele, rigoroso, ensinou-me a desenhar em perspectiva, sombra e luz, usando o fusain, o crayon, em papel cinza, que era usado nos açougues para embrulhar carne. Até hoje, o reflexo, a sombra e a luz me fascinam. Meu primeiro livro editado chama-se Sombras feitas de Luz(*).O segundo, Asas de Água, possui quatro ilustrações minhas a bico-de-pena e a capa é de meu filho, Allez Pessoa, que herdou meu dom...Fiz, aos quinze anos, uma tela a óleo com professora, mas saí logo da sua escola,, por não suportar cópia, sem poder criar. Autodidata, a partir daí, fiz muitos quadros, que andam pelos brasis, porque viajei muito. Fiz muitos posterpoemas, para exposições. Meu estilo literário é sempre cheio de nuances, como se eu desenhasse escrevendo.
Tenho ilustrado livros, criei o Projeto Poesia no Pano, desenhando e escrevendo diretamente em páginas de tecido e montando os livros artesanalmente. Atualmente desenho uma capa e ilustro um livro de contos.
Jornal'Ecos: Quem é Clevane Pessoa, a psicóloga, ,a escritora, a poeta? Conseguiria em algumas frases definí-la?
Clevane: A psicóloga: uma pessoa que gosta de-e respeita- pessoas, sem preconceitos, atenta na relação de ajuda, para que cresçam, se modifiquem para ser mais felizes. Luto pela justiça social, pelo empoderamento da mulher, dos direitos humanos, das minorias necessitadas. Gosto de criar dinâmicas de grupo, técnicas para manejo, fazer oficinas, dar palestras. A relação de ajuda faz-me muito feliz.
A escritora: sempre a escrevinhar, com mais de dez livros para editar, sem nehuma perspectiva de parar de criar, um dia...
A poeta: minha essência reside no castelo mágico da Poesia. Estou e sou perenemente em/cantada por essa feiticeira do Bem...
Jornal'Ecos- Agradecemos, sua linda entrevista e a oportunidade de ouvi-la e de saber um pouco mais de você.
Clevane: Vânia: a oportunidade que você me deu, aqui no Jornal Ecos, não tem preço: adorei rememorar-me (reenamorar-me de mim ?).Quantas vezes, preocupadas com os outros esquecemos um pouco de nós mesmas? Agora, acabo de reenrolar o fio multicolorido de minha vida, novelo com cinqüenta e sete anos, renovando - o... Agradeço eu, a você e ao Jornal'Ecos.
Clevane Pesssoa entrevista J.S.Ferreira--Sebastião
NOTA BIOGRÁFICA:
J.S.Ferreira, nome literário de José Sebastião Ferreira, nasceu em 17/02/1954, em São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais. Poeta e escritor, formado em Letras. Recebeu várias premiações em Concursos estaduais, nacionais e internacionais de Literatura. Participou de várias antologias poéticas a nível nacional e feiras de livros e de exposições de poemas nas cidades de Belo Horizonte, Montes Claros, Mariana - MG. Detentor da “Medalha E. D’Almeida Vitor” – Revista Brasília-DF.
Autor dos livros de poesia “Lixos & Caprichos” – Editado pela CMC Consórcio Mineiro de Comunicação Ltda – BH, em 1991, e “Bateia Lírica” – Gráfica Ouro Preto-MG, em 1996. Participação no Livro “Aldravismo – A Literatura do Sujeito”- pela Editora Aldrava Letras e Artes – MA-MG. Obra analisada em J.B. Donadon-Leal “Leituras, Ciência e Arte na Linguagem” – Editora UFOP, 2002.
Participação na série “Poesia de Bolso, 2003”- do CLESI – Circuito de Literatura – Ipatinga-MG. Participação no Livro “Poesia de Bolso” volume -03, CLESI-Ipatinga-MG, 2004. Criaturas & Caricaturas (Textos J.S.Ferreira e Caricaturas de Camaleão) – 1ª Exposição – SESI-Mariana-MG, de 10 à 31 de maio/2005 e 2ª Exposição de 06 à 10 de Junho /2005 no (Patronato) - 1ª Semana de Letras – UFOP- Santa Bárbara-MG. Co-autor do Livro “nas sendas de bashô”, 2005, pela Editora Aldrava Letras e Artes – MA-MG. Recebeu “Menção Honrosa” no 4º Prêmio Nacional de Poesias Cidade de Ipatinga-MG/2006 e 5º Lugar no 21º Festival Estadual de Poesia, em Ipatinga-MG. E 4º Lugar no “XIV Concurso de Poesias, Contos e Crônicas” da Academia de Letras de São João da Boa Vista-SP/2006. Título de “Mérito Cultural” – UBE – Rio de Janeiro/2006. Possui publicações esparsas em diversos jornais do país. Atualmente é Vice-Presidente, Tesoureiro e colaborador do Jornal Aldrava Cultural, em Mariana-MG. É membro do Movimento “Poetas del Mundo” e membro efetivo da Academia Marianense de Letras – Cadeira nr. 12.
1) Você, que é poeta há tantos anos, por que sente afinidades com o aldravismo? O que é ser aldravista, para você?
- Sou um dos fundadores do aldravismo e, por isto, comungamos os mesmos ideais literários e educacionais. Trabalhando com vários textos curtos, exploro a metonímia que privilegia a parte como o todo, o que caracteriza bem o nosso aldravismo. Sinto-me bem à vontade no grupo aldravista, cujo movimento insiste em abrir portas para interpretações inusitadas dos acontecimentos cotidianos, em relatos de só aquilo que o artista viu. Para mim, ser aldravista é usufruir de uma convivência com vários autores de vários níveis culturais, sem prejuízos à minha produção cultural ou preconceitos.
2) Na próxima Feira do Livro de Ipatinga, você lança seu livro para público infantil, JENIPAPO". Desde quando, você escreve para crianças?
- Desde que me interessei pela Literatura, procuro escrever textos compreensíveis pelas crianças, que são um dos meus alvos preferidos, porque tive uma infância privilegiada e diferenciada, tendo um convívio sadio com os livros e com a natureza, que sempre estiveram presentes em minha vida.
3) O que o motivou ao título, à história?
- Dentre os textos inseridos no livro, alguns dos temas desenvolvidos citam o jenipapo, árvore nativa da região em que nasci. Essa árvore sempre esteve presente em minha memória, porque quando eu ainda criança sentia uma certa atração pela aparência dela e pelo sabor de seu fruto. Tive bons momentos junto a uma jenipapo e dela guardo as melhores recordações.
4) É comum, por exemplo, em dinâmicas de grupo, que profissionais de saúde, de educação, usem literatura infantil. Jenipapo vai se prestar á multiplicidade de leituras e atingir até ao público adulto? Qual a lição de "Jenipapo", se puder falar, sem contar o enredo, claro...
- Espero que o livro venha a despertar nas pessoas, especialmente nas crianças, o gosto pela leitura e a conscientização quanto à conservação da natureza, tão depredada nos dias atuais.
5) De que forma aconteceu a parceria que lhe possibilitou editá-lo?
- Ao longo dos anos, venho participando de vários concursos literários realizados pelo Clube dos Escritores de Ipatinga – CLESI, nos quais venho obtendo sucesso. Agora, com a parceria da Aldrava Letras e Artes com o CLESI, foi-me possível a edição do livro Jenipapo, o que considero como um prêmio de reconhecimento ao meu trabalho literário.
6) Como a capa e as ilustrações foram criadas? Você recebeu um desenho para aprovação, ou inferiu diretamente no processo criativo?
- Não inferi nem interferi em nada e nem tive participação na criatividade da artista ilustradora, que se inspirou nos textos que escrevi. Assim, deu nova roupagem e uma plasticidade perfeita ao que propus nos textos.
7) Pretende escrever mais livros para crianças?
- Claro. Tenho novos projetos em andamento, no aguardo de novos patrocínios, para serem editados.
8) Onde está o poeta no contador de histórias para a infância? Há um entrosamento (entre Poesia & Prosa) ou o processo acontece separadamente?
- No meu caso, não há interferências da prosa em minha criatividade poética. Expresso o que sinto, em poesia, e não me preocupo em contar estórias, porque a proposta do livro Jenipapo e totalmente poética, apesar de estar direcionada ao público infanto-juvenil.
9) Quando publicará novamente um livro de poemas? Algo em vista?
- Como disse, anteriormente, tenho outros livros escritos e aguardo patrocínios, para editá-los.
10)Deixe uma mensagem...
- Estamos em Mariana, Minas Gerais, buscando fazer Cultura sem verba. Graças a Deus, temos conseguido alguns pequenos patrocínios de pessoas físicas e jurídicas sensíveis à nossa causa, cujos resultados vêm sendo notados em todo o país, visto que a nossa Aldrava Letras e Artes tem sido merecedora de aplausos nos diversos meios em que atua. Eu, particularmente, tenho três livros editados: dois, sob o patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce e o Jenipapo, apresentado pelo CLESI e sob patrocino da USIMINAS. Resta dizer que a nossa Editora Aldrava Letras e Artes é a Editora responsável pelo ISBN dos vários lançamentos do CLESI, para o 2º Salão do Livro de Ipatinga-MG. Agradeço-lhe a oportunidade de poder manifestar-me a respeito do meu trabalho e peço a Deus que lhe dê muita saúde e disponibilidade para dedicar-se às nobres causas literárias, com você sempre vem fazendo. Parabéns a você pelas perguntas inteligentes e muito obrigado por tudo quanto vem fazendo por mim e por nós da Aldrava Letras e Artes.
Obrigada e meu especial abraço para vc.Saiba que conhecer você pessoalmente, e aos aldravistas, foi um dos grandes ganhos,para mim , em 2007.O trbaalho de vocês é constante e renaz e , em relação às crianças e adolescentes marianenses, sem preço:levar-lhes , na Escola, a beleza das Artes e das Letras.Com Jenipapo, você afiança essa transmissão necessária.Parabéns !
Clevane Pessoa
Diretora Regional do InBrasCi
J.S.Ferreira, nome literário de José Sebastião Ferreira, nasceu em 17/02/1954, em São Gonçalo do Rio Abaixo, Minas Gerais. Poeta e escritor, formado em Letras. Recebeu várias premiações em Concursos estaduais, nacionais e internacionais de Literatura. Participou de várias antologias poéticas a nível nacional e feiras de livros e de exposições de poemas nas cidades de Belo Horizonte, Montes Claros, Mariana - MG. Detentor da “Medalha E. D’Almeida Vitor” – Revista Brasília-DF.
Autor dos livros de poesia “Lixos & Caprichos” – Editado pela CMC Consórcio Mineiro de Comunicação Ltda – BH, em 1991, e “Bateia Lírica” – Gráfica Ouro Preto-MG, em 1996. Participação no Livro “Aldravismo – A Literatura do Sujeito”- pela Editora Aldrava Letras e Artes – MA-MG. Obra analisada em J.B. Donadon-Leal “Leituras, Ciência e Arte na Linguagem” – Editora UFOP, 2002.
Participação na série “Poesia de Bolso, 2003”- do CLESI – Circuito de Literatura – Ipatinga-MG. Participação no Livro “Poesia de Bolso” volume -03, CLESI-Ipatinga-MG, 2004. Criaturas & Caricaturas (Textos J.S.Ferreira e Caricaturas de Camaleão) – 1ª Exposição – SESI-Mariana-MG, de 10 à 31 de maio/2005 e 2ª Exposição de 06 à 10 de Junho /2005 no (Patronato) - 1ª Semana de Letras – UFOP- Santa Bárbara-MG. Co-autor do Livro “nas sendas de bashô”, 2005, pela Editora Aldrava Letras e Artes – MA-MG. Recebeu “Menção Honrosa” no 4º Prêmio Nacional de Poesias Cidade de Ipatinga-MG/2006 e 5º Lugar no 21º Festival Estadual de Poesia, em Ipatinga-MG. E 4º Lugar no “XIV Concurso de Poesias, Contos e Crônicas” da Academia de Letras de São João da Boa Vista-SP/2006. Título de “Mérito Cultural” – UBE – Rio de Janeiro/2006. Possui publicações esparsas em diversos jornais do país. Atualmente é Vice-Presidente, Tesoureiro e colaborador do Jornal Aldrava Cultural, em Mariana-MG. É membro do Movimento “Poetas del Mundo” e membro efetivo da Academia Marianense de Letras – Cadeira nr. 12.
1) Você, que é poeta há tantos anos, por que sente afinidades com o aldravismo? O que é ser aldravista, para você?
- Sou um dos fundadores do aldravismo e, por isto, comungamos os mesmos ideais literários e educacionais. Trabalhando com vários textos curtos, exploro a metonímia que privilegia a parte como o todo, o que caracteriza bem o nosso aldravismo. Sinto-me bem à vontade no grupo aldravista, cujo movimento insiste em abrir portas para interpretações inusitadas dos acontecimentos cotidianos, em relatos de só aquilo que o artista viu. Para mim, ser aldravista é usufruir de uma convivência com vários autores de vários níveis culturais, sem prejuízos à minha produção cultural ou preconceitos.
2) Na próxima Feira do Livro de Ipatinga, você lança seu livro para público infantil, JENIPAPO". Desde quando, você escreve para crianças?
- Desde que me interessei pela Literatura, procuro escrever textos compreensíveis pelas crianças, que são um dos meus alvos preferidos, porque tive uma infância privilegiada e diferenciada, tendo um convívio sadio com os livros e com a natureza, que sempre estiveram presentes em minha vida.
3) O que o motivou ao título, à história?
- Dentre os textos inseridos no livro, alguns dos temas desenvolvidos citam o jenipapo, árvore nativa da região em que nasci. Essa árvore sempre esteve presente em minha memória, porque quando eu ainda criança sentia uma certa atração pela aparência dela e pelo sabor de seu fruto. Tive bons momentos junto a uma jenipapo e dela guardo as melhores recordações.
4) É comum, por exemplo, em dinâmicas de grupo, que profissionais de saúde, de educação, usem literatura infantil. Jenipapo vai se prestar á multiplicidade de leituras e atingir até ao público adulto? Qual a lição de "Jenipapo", se puder falar, sem contar o enredo, claro...
- Espero que o livro venha a despertar nas pessoas, especialmente nas crianças, o gosto pela leitura e a conscientização quanto à conservação da natureza, tão depredada nos dias atuais.
5) De que forma aconteceu a parceria que lhe possibilitou editá-lo?
- Ao longo dos anos, venho participando de vários concursos literários realizados pelo Clube dos Escritores de Ipatinga – CLESI, nos quais venho obtendo sucesso. Agora, com a parceria da Aldrava Letras e Artes com o CLESI, foi-me possível a edição do livro Jenipapo, o que considero como um prêmio de reconhecimento ao meu trabalho literário.
6) Como a capa e as ilustrações foram criadas? Você recebeu um desenho para aprovação, ou inferiu diretamente no processo criativo?
- Não inferi nem interferi em nada e nem tive participação na criatividade da artista ilustradora, que se inspirou nos textos que escrevi. Assim, deu nova roupagem e uma plasticidade perfeita ao que propus nos textos.
7) Pretende escrever mais livros para crianças?
- Claro. Tenho novos projetos em andamento, no aguardo de novos patrocínios, para serem editados.
8) Onde está o poeta no contador de histórias para a infância? Há um entrosamento (entre Poesia & Prosa) ou o processo acontece separadamente?
- No meu caso, não há interferências da prosa em minha criatividade poética. Expresso o que sinto, em poesia, e não me preocupo em contar estórias, porque a proposta do livro Jenipapo e totalmente poética, apesar de estar direcionada ao público infanto-juvenil.
9) Quando publicará novamente um livro de poemas? Algo em vista?
- Como disse, anteriormente, tenho outros livros escritos e aguardo patrocínios, para editá-los.
10)Deixe uma mensagem...
- Estamos em Mariana, Minas Gerais, buscando fazer Cultura sem verba. Graças a Deus, temos conseguido alguns pequenos patrocínios de pessoas físicas e jurídicas sensíveis à nossa causa, cujos resultados vêm sendo notados em todo o país, visto que a nossa Aldrava Letras e Artes tem sido merecedora de aplausos nos diversos meios em que atua. Eu, particularmente, tenho três livros editados: dois, sob o patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce e o Jenipapo, apresentado pelo CLESI e sob patrocino da USIMINAS. Resta dizer que a nossa Editora Aldrava Letras e Artes é a Editora responsável pelo ISBN dos vários lançamentos do CLESI, para o 2º Salão do Livro de Ipatinga-MG. Agradeço-lhe a oportunidade de poder manifestar-me a respeito do meu trabalho e peço a Deus que lhe dê muita saúde e disponibilidade para dedicar-se às nobres causas literárias, com você sempre vem fazendo. Parabéns a você pelas perguntas inteligentes e muito obrigado por tudo quanto vem fazendo por mim e por nós da Aldrava Letras e Artes.
Obrigada e meu especial abraço para vc.Saiba que conhecer você pessoalmente, e aos aldravistas, foi um dos grandes ganhos,para mim , em 2007.O trbaalho de vocês é constante e renaz e , em relação às crianças e adolescentes marianenses, sem preço:levar-lhes , na Escola, a beleza das Artes e das Letras.Com Jenipapo, você afiança essa transmissão necessária.Parabéns !
Clevane Pessoa
Diretora Regional do InBrasCi
Entrevista com Everi Carrara.
Entrevista com Everi Carrara (site Telescópio)
Clevane pessoa pergunta, instiga:
:1)Defina a pessoa que é.Sua personalidade, seu temperamento...
Sou uma pessoa simples,humilde, mas combativo --porque repudio
injustiças.Mas sempre com bom humor, o riso possui aquele valor
revolucionário e dissociativo,sobre o qual André Breton falava.
2) Você é capaz de mesclar seu cotidiano profissional com o de autor?
Com certeza. A advocacia é um eterno aprendizado diante da complexidade da
natureza humana. O autor, o poeta,o artista também enfrenta esse mesmo
desafio,lutando contra as injustiças sociais,e a burrice habitual e
regressiva. Tom Zé, disse certa vez,que gostaria de inventar uma máquina
contra a burrice. O mestre Tom Zé está certo,porque a burrice humana emperra
tudo:as relações amorosas,a religiosidade, os setores essenciais da vida
pública, o comércio,as relações familiares,as relações sexuais,o meio
ambiente,as ciências,as artes,e a sobrevivência no planeta...Infelizmente,
muita gente burra ocupa cargos importantes,por uma questão de
oportunismo,nem sempre de talento.
2.a;E o que é uma pessoa realmente inteligente, a seu ver?
O avesso da inteligência é a burrice. Quando há a supremacia do poder
econômico sobre os valores humanos imprescindíveis, quando a violência
desenfreada vigora,quando o barbarismo,o racismo e a ganância imperam
aviltando os sonhos libertários, é sinal que o caminho tomado está
equivocado. As guerras sob o controle do terrorista norte-americano
G.W.Bush é uma burrice flagrante. Reeleger Lula foi outro absurdo,um
retrocesso para a claudicante democracia brasileira. Com mais de 2
mil anos de existência, aprendemos muito pouco sobre a convivência
entre as diferenças humanas.As pessoas não raramente,complicam as
relações, criam obstáculos,não valorizam seus parceiros,filhos,pais e
mães – a desestruturação começa no lar e se expande sobre vida em
sociedade; a juventude se tornou refém da educação pelo medo, pela
propaganda imperialista norte-americana,cretina,da troca da categoria
do ser pelo ter:valorizam apenas os carrões, os peitões mamados de
silicone,a futilidade das baladas,o bumbum rebolante que o leitor ou
telespectador nunca comerá, a gastança,os filminhos babacas feitos
para ganhar um troféuzinho de lata em Hollywood subserviente ao patrão
colonizador, o sorriso besta de vaca domesticada pelo consenso geral -
e não se rebelam contra a hegemonia do pensamento único, contra
Bush,Lula, Blair,a corrupção maciça, a matança no campo e nas
cidades,o declínio assombroso da Educação durante os últimos anos, o
extermínio dos indígenas e das florestas,não se rebelam contra a falta
de redemocratização dos meios de comunicação,contra a liberação dos
alimentos transgênicos, contra a remixação do fascismo sob diversas
máscaras... É uma carnavalização da mediocridade reinante.Isso é vida?
A falta de critérios na escolha dos nossos dirigentes, o desperdício
dos alimentos, da água, do solo, a violência contra os animais,o
abandono ás crianças,o desprezo pelos idosos, a destruição constante
da natureza, registram a passagem da burrice humana sobre o planeta.
Aqui não se trata de profetizar o apocalipse, porque a realidade está
aí, diante dos nossos olhos.
3)Quando escreveu a primeira poesia?Quando começou a se considerar
poeta?Alguém o incentivou ou tentou tirar de sua cabeça o ofício de
Poeta?
A primeira poesia foi escrita ainda nos bancos escolares,bem
provavelmente. Mas não escrevo versos, faço prosa:artigos,ensaios,contos
e peças teatrais...Ninguém fez objeção ao que eu escrevia,nem minha
família,nem meus amigos.Pelo contrário, só houve estímulo,principalmente dos
professores de português,que sempre me pediam para ler minhas
redações,poesias minhas e de outros autores. Eu adoro a poesia falada.
Quando compareço em público,muita gente me solicita a leitura de algum
protesto meu, algum poema, ou opinião ,ao microfone.
3.a )Interpretar o pensamento de outro, então, é uma espécie de
Teatro.O que há em você de Ator?E como autor teatral, o que já
realizou?
Escrevi algumas peças nos anos 90,consegui encená-las em Santo
André/sp. Minha participação como ator é muito insípida, não tenho
jeito,exceto em performances,que fiz há muito tempo.
3.b)Eu já li versos seus, pela Internet.Deixe aqui alguma poesia, sem
fugir da raia, Poeta...Rsss...
produzi pouca coisa em termos de versos na internet,e fora dela.
Enviei alguns poemas para o site da banda CONTINENTAL COMBO de
sampa,mas para constituir letra de música.
4)Quando escreve melhor (sozinho, sob pressão, triste,para concursos,
inspirado por qq coisa...)?
Em qualquer situação, eu faço muitos improvisos,a fala sai naturalmente.
a poesia falada era praticada pelos poetas beatnicks nos anos 50,em bares e
em inúmeras circunstâncias. Isso me atrai muito. Nós também temos nossos
trovadores,a poesia de cordel,os repentistas,que evidenciam essa oralidade
poética que jamais morrerá.
4.aVocê seria uma espécie de beatnik de terno?Ou vai para o escitório
vestido informalmente?
Não.Vou para o escritório com roupa social,apropriada,como manda o
figurino,o vestuário não expressa necessariamente suas idéias,sua
alma... Esse procedimento era típico dos beatnicks e próprio daquela
época. Os tempos mudaram. A indumentária não reflete necessariamente a
alma poética. Drummond e Murilo Mendes, usavam ternos e gravatas,
produzindo uma poética corrosiva,vital e inquietante.Eu vejo gente
usando piercing e argolas no nariz , fazendo mil besteiras por aí. Não
preciso usar batas coloridas,cabelos longos e roupas psicodélicas,
para produzir coisa alguma. Se você não cultivar sua percepção, sua
sensibilidade e bom-humor diante do absurdo da existência, é porque
está morto por dentro.
5)Por que escolheu a carreira jurídica?
O exercício da advocacia é uma escolha que exige um apelo vocacional,porque
o advogado enfrenta problemas de naturezas diversas: redução do poder
aquisitivo, concorrência~etc... O advogado é um agente,um operador da
justiça,além de ser uma espécie de "psicólogo",porque atende inúmeras
pessoas,tendo que orientá-las da melhor forma possível
Hoje, o exercício da advocacia se faz perante muitas adversidades,mas
quem a exerce com amor,com ética e competência,sempre vence.
5.a Você gosta de psicologia?Pelo que entendi, enquanto advogado, vc
pratica certa psicologia.É intuitivo ou lê a respeito?O que lê ? Quais
seus autores prediletos?Parece que vc tem facilidade para entender a
natureza humana...
Não tenho nenhum autor preferido em psicologia. Em psicologia do
desenvolvimento estudamos SKINER,PIAGET e outros. Não sei se entendo a
natureza humana,seria muita pretensão!
Mas procuro ouvir,e ouvir não é fácil,mas voce aprende muito.
6)De que forma interessar-se pelo tai Chi?Gosta de ensinar?pratica
regularmente?
Estou em falta com o tai chi chuan,e pretendo retornar á prática
sistemática.Eu me interessei pelo tai chi, por motivos de ordem médica,em
1989. Tinha que emagrecer,recuperar minha saúde aos 28 anos de idade,porque
os exames indicavam altos índices de colesterol. Em Santo André/SP, fiz o
curso regularmente, recuperando-me satisfatóriamente,estudando também a
filosofia taoísta.Tive centenas de alunos,foi muito gratificante,pois voce
se sente beneficiado por ajudar pessoas com problemas de toda espécie, e a
amizade se consolida. A filosofia Chinesa é uma eterna fonte de inspiração
em minha vida.Mudei quase tudo em minha vida:alimentação, roupas (troquei o
jeans pelas roupas mais leves e confortáveis:calças de elanca ou
moleton,sapatilhas de kung fu),li os poetas orientais da antiguidade,fiz
retiros espirituais,chás, massagens,sexualidade ...
6.a)A seu ver, a humanidade ocidental hoje está muito longe de
praticar o TAO, o equilíbrio doYin e do Yang, por exemplo, no
trabalho, ou entre casais?
Nao podemos pensar na impossibilidade da sociedade ocidental praticar
o TAO,buscar equilíbrio no trabalho ou na vida conjugal. A prática do
tai chi é um aprimoramento,não podemos desistir,não podemos nos
submeter ao fracasso nunca! Tudo ocorre com a prática reiterada,que
poderá trazer ótimso benefícios á todos.
7)Cite as três pessoas mais importantes de sua vida e diga o porquê.
Minha mãe, meu filho e minha irmã. Costumo dizer que "mãe é sagrada,mais
sagrada que Glauber Rocha",porque a boa mãe é tudo para um filho,sua
raiz,seu esteio,sua inspiração constante.Meu filho está com 12 anos, e se
tornou meu melhor amigo, porque eu sou "pãe" (mãe e pai simultâneamente!,seu
modo de entender a vida ainda na pré-adolescência é também minha fonte de
inspiração. Minha irmã é quem nos ajuda a cuidar dele,e sem ela, tudo
seria muito difícil.
7.a)Hoje, muitos filhos são criados por um dos pais apenas, com ou sem
ajudas especiais(no seu caso, a mãe e a irmã).
Seu filho, que começa a experenciar a adolescência,alguma vez comentou
algo a respeito dessa situação específica/(responda a essa apenas se
o desejar))
Ás vezes o pai ,como no meu caso é uma espécie de "pãe",atuando com
pai e mãe. Tudo depende de muito diálogo, algumas palmadinhas se
necessário for, e aprendizando constante. Meu filho é o meu melhor
amigo e vice-versa. Meu filho Gabriel convive com imenso prazer ao
lado de minha irmã,mãe e eu. Estará completando 13 anos em 6 de abril,
é muito querido por nós todos, na escola e pela vizinhança.
8)Quais as suas relações com a música?Com o teclado?Com a MPB?
Minhas relações com a música ocorreram quando eu tinha 6 anos de idade,e
comecei a estudar acordeão,em Bauru/SP, em 1975 comecei a estudar piano
erudito, violão e sax tenor,tendo me formado em 1984.Depois,segui para
Marília/SP,e Santo André, fazendo shows e apresentações em teatro na capital
e no ABC paulista.Passei a gostar de MPB quando vi NARA LEÃO sendo
entrevistada por GRANDE OTHELO na tv Cultura/SP em meados da década de 80.
9)Desde quando vc cultua Nara Leão e essas outras personalidades sa
MPB:fale de cada uma delas, na sua ótica
NARA LEÃO não combina com cultuação, estátuas,idolatria...ela era avessa ao
estrelismo. Para mim,ela é referência, um atalho imprescindível para
entender um pouco mais nossa brasilidade.
Nara,além de excelente artista,e noss amais importante cantora, foi a
consciência necessária contra todas as intolerâncias e ditaduras
possíveis,de esquerda ou de direita. Glauber a colocava no primeiro time do
cinema novo.É preciso dizer mais???
TOM ZÉ ,eu o conheci pessoalmente quando fui á SÃO PAULO ser entrevistado
pelo ator ANTONIO ABUJAMRANA tv cultura/sp. TOM ZÉ é uma pessoa simples,um
compositor fundamental que sempre jogou dinamites nos pés do século vinte e
vinte e um.Uma cabeça maravilhosa,sem estrelismos,um homem do nordeste,que
fala para o mundo,uma consciência essencial nessa época de barbarismos,
vaidades,e mediocridades cotidianas.
TETÊ ESPÍNDOLA, que enviou-me discos lindos,cheios de brilho,simplicidade,o
canto dos pássaros...eu a conheci pessoalmente num show em praça púbica,aqui
em Araçatuba. Ela apresentou-me seu marido e compositor ARNALDO BLACK.Gente
linda de se ver e conhecer.
ARNALDO BAPTISTA (OS MUTANTES) enviou-me o cd LET IT BED, sensacional,um
mestre do rock ,um talento e uma referência para todos os loucos,músicos e
poetas.
Há os artistas que estão se lançando,como a doce cantora ÉRIKA MACHADO,de
Belô,produzida por JOHN (pato fu),a banda CONTINENTAL COMBO (SP), OS
AUTORAMAS (RJ), PLATO DVORAKI (RS),
os the darmalovers (RS), muitos outros
GLAUBER ROCHA, li recentemente um livro sobre ele,escrito por João Carlos
Teixeira.Todos os seus filmes e pensamentos devem ser lidos,nessa época de
cineminha ainda colonizado por Hollywood e assemelhados. Infelizmente, nosso
país ainda não descobriu Glauber, ainda não divulgou seus melhores
cineastas,autores,e críticos. Tudo é feito e orientado em feudos. O Brasil
ainda é o gigante que não despertou. Voce pode discordar das idéias e
atitudes de Glauber,mas não pode deixar de conhecê-lo,de aprimorar sua
percepção sobre esse país miserável. Não,nem mesmo o cinema europeu é
divulgado intensamente por aqui. E os filmes
africanos,latinos,chineses,japoneses etc..?Tudo é feito para emburrecer o
ser humano e controlá-lo!
9.a)Também li esse livro sobre Glauber e gosto muito de ler
biografias.De qualquer forma, mesmo você dizendo que não cuiltuiva
nara, sua referência a ela é constante em Telescópio e ainda vc
instituiu o Concrso de Poesias em comum com o Movimento Cultural
aBrace, querepresenta em sua cidade, que tem por característica o
"Troféu Nara Leão".Além disso, você sempre a menciona em seus
e-mails(a Glauber, a Tom Zé, mesmo nos e-mails).Na verdade, é uma
especie de referencial cult, csem culto, concorda?Acho lindo você
mostrar essa atitude constantes, consistente...Acho mesmo que colabora
e muito para que a memória deles seja efeiva, principalmente para a
gente jovem.Comente.
Quando nara,tom zé,glauber rocha ou qualquer outra personalidade são
citadas por mim, não se trata aqui de cultuação ou preferência
infundada.Esses artistas são parte das minhas preferências estéticas
e humanas. Ademais,tenho uma irresistível vocação para subverter o
convencionalismo da mídia conformista,então escrevo ao final do
email:"Que Nara e Glauber nos abençoem sempre!".Como não sou
catolicão,sinto-me livre para pedir a benção de dois artistas que
foram e sempre serão para mim,fontes de luz,charme,beleza,ousadia e
cultura brasileira universal. Essas citações constituem uma afirmação
de vitalidade,porque esses artistas resistiram ao entreguismo,á
canalhice habitual, á banalidade que cria raízes em todos os setores
da vida pública brasileira. Portanto,posso também partir dessas
referências para construir o meu caminho...porque escolhemos nossas
referências desde a infância,desde a estirpe familiar, nossas
afinidades comunitárias,religiosas, escolares,e artísticas. Ser membro
da
aBrace é uma honra,e o Troféu Nara Leão de Poesia, é uma forma de reconhecimento
de valorização da memória do artista brasileiro.
9.b)O que vc acha mais bonito (fisicamente )em Nara:os olhos
profundos?O sorriso largo:Os famosos joelhos arredondados?Rss...
Fisicamente? Nara era beleza pura.,nada escultural como Marta Rocha ou
Vera Fischer (as beldades da época),mas Ela tinha uma beleza
peculiar,especial que deixava seu encanto por onde ela passava.O que
sei é que Nara era muitotímidaEla ainda é a nossa cantora mais
importante. Mulheres muito inteligentes e talentosas não precisam de
outros atributos para brilhar em qualquer tempo e lugar.Foi assim com
Cora Coralina,Maria Bethânia,Susan Sontag,Rosa Luxemburgo, Dina Sfat,
Simone Beauvior
Cacilda Becker, Leila Diniz, Clarice Lispector, Sylvia Plath, Frida Khalo,etc...
9.c)E como pessoa, o que admira na artista?
além da beleza ,inteligência,talento e coragem, a simplicidade. Nara
nunca foi antipática com artistas ,amigos e fãs.
10)A Poesia é necessária?E a Música? Por que?
Poesia é vida,então é mais do que necessária,principalmente em nossos dias
de crime,guerra generalizada, destruição do planeta, cretinismo,esnobismo
intelectual, desgoverno, moralismo funesto,gente besta saindo em bloco pelas
ruas e cidades. O poeta conta o que poderia ter acontecido, não narra apenas
o fato,como faz o jornalista.Mas deve também ir à luta,ser um bruxo,como
diria ROBERTO PIVA. O poeta tem que mergulhar em novas percepções,todas as
artes (pintura,cinema,música,transgressões,teatro,ruas e florestas,culturas
orientais,afro,interplanetária..)
Poesia e Música condensadas. Música para ouvir,sentir,viver.Precisamos
expressar livremente nossos sentimentos,vendo o filme "Alphaville",de
Godard,voce compreende que ainda há repressão,controle dos setores
reacionários do poder,interagindo diabólicamente, diariamente,represando
esse desejo de liberdade. Procurar pelos extremos,experiências totais,sem
medo,porque o medo é o grande mal,e a sociedade ocidental foi educada pelo
medo!
Clevane pessoa pergunta, instiga:
:1)Defina a pessoa que é.Sua personalidade, seu temperamento...
Sou uma pessoa simples,humilde, mas combativo --porque repudio
injustiças.Mas sempre com bom humor, o riso possui aquele valor
revolucionário e dissociativo,sobre o qual André Breton falava.
2) Você é capaz de mesclar seu cotidiano profissional com o de autor?
Com certeza. A advocacia é um eterno aprendizado diante da complexidade da
natureza humana. O autor, o poeta,o artista também enfrenta esse mesmo
desafio,lutando contra as injustiças sociais,e a burrice habitual e
regressiva. Tom Zé, disse certa vez,que gostaria de inventar uma máquina
contra a burrice. O mestre Tom Zé está certo,porque a burrice humana emperra
tudo:as relações amorosas,a religiosidade, os setores essenciais da vida
pública, o comércio,as relações familiares,as relações sexuais,o meio
ambiente,as ciências,as artes,e a sobrevivência no planeta...Infelizmente,
muita gente burra ocupa cargos importantes,por uma questão de
oportunismo,nem sempre de talento.
2.a;E o que é uma pessoa realmente inteligente, a seu ver?
O avesso da inteligência é a burrice. Quando há a supremacia do poder
econômico sobre os valores humanos imprescindíveis, quando a violência
desenfreada vigora,quando o barbarismo,o racismo e a ganância imperam
aviltando os sonhos libertários, é sinal que o caminho tomado está
equivocado. As guerras sob o controle do terrorista norte-americano
G.W.Bush é uma burrice flagrante. Reeleger Lula foi outro absurdo,um
retrocesso para a claudicante democracia brasileira. Com mais de 2
mil anos de existência, aprendemos muito pouco sobre a convivência
entre as diferenças humanas.As pessoas não raramente,complicam as
relações, criam obstáculos,não valorizam seus parceiros,filhos,pais e
mães – a desestruturação começa no lar e se expande sobre vida em
sociedade; a juventude se tornou refém da educação pelo medo, pela
propaganda imperialista norte-americana,cretina,da troca da categoria
do ser pelo ter:valorizam apenas os carrões, os peitões mamados de
silicone,a futilidade das baladas,o bumbum rebolante que o leitor ou
telespectador nunca comerá, a gastança,os filminhos babacas feitos
para ganhar um troféuzinho de lata em Hollywood subserviente ao patrão
colonizador, o sorriso besta de vaca domesticada pelo consenso geral -
e não se rebelam contra a hegemonia do pensamento único, contra
Bush,Lula, Blair,a corrupção maciça, a matança no campo e nas
cidades,o declínio assombroso da Educação durante os últimos anos, o
extermínio dos indígenas e das florestas,não se rebelam contra a falta
de redemocratização dos meios de comunicação,contra a liberação dos
alimentos transgênicos, contra a remixação do fascismo sob diversas
máscaras... É uma carnavalização da mediocridade reinante.Isso é vida?
A falta de critérios na escolha dos nossos dirigentes, o desperdício
dos alimentos, da água, do solo, a violência contra os animais,o
abandono ás crianças,o desprezo pelos idosos, a destruição constante
da natureza, registram a passagem da burrice humana sobre o planeta.
Aqui não se trata de profetizar o apocalipse, porque a realidade está
aí, diante dos nossos olhos.
3)Quando escreveu a primeira poesia?Quando começou a se considerar
poeta?Alguém o incentivou ou tentou tirar de sua cabeça o ofício de
Poeta?
A primeira poesia foi escrita ainda nos bancos escolares,bem
provavelmente. Mas não escrevo versos, faço prosa:artigos,ensaios,contos
e peças teatrais...Ninguém fez objeção ao que eu escrevia,nem minha
família,nem meus amigos.Pelo contrário, só houve estímulo,principalmente dos
professores de português,que sempre me pediam para ler minhas
redações,poesias minhas e de outros autores. Eu adoro a poesia falada.
Quando compareço em público,muita gente me solicita a leitura de algum
protesto meu, algum poema, ou opinião ,ao microfone.
3.a )Interpretar o pensamento de outro, então, é uma espécie de
Teatro.O que há em você de Ator?E como autor teatral, o que já
realizou?
Escrevi algumas peças nos anos 90,consegui encená-las em Santo
André/sp. Minha participação como ator é muito insípida, não tenho
jeito,exceto em performances,que fiz há muito tempo.
3.b)Eu já li versos seus, pela Internet.Deixe aqui alguma poesia, sem
fugir da raia, Poeta...Rsss...
produzi pouca coisa em termos de versos na internet,e fora dela.
Enviei alguns poemas para o site da banda CONTINENTAL COMBO de
sampa,mas para constituir letra de música.
4)Quando escreve melhor (sozinho, sob pressão, triste,para concursos,
inspirado por qq coisa...)?
Em qualquer situação, eu faço muitos improvisos,a fala sai naturalmente.
a poesia falada era praticada pelos poetas beatnicks nos anos 50,em bares e
em inúmeras circunstâncias. Isso me atrai muito. Nós também temos nossos
trovadores,a poesia de cordel,os repentistas,que evidenciam essa oralidade
poética que jamais morrerá.
4.aVocê seria uma espécie de beatnik de terno?Ou vai para o escitório
vestido informalmente?
Não.Vou para o escritório com roupa social,apropriada,como manda o
figurino,o vestuário não expressa necessariamente suas idéias,sua
alma... Esse procedimento era típico dos beatnicks e próprio daquela
época. Os tempos mudaram. A indumentária não reflete necessariamente a
alma poética. Drummond e Murilo Mendes, usavam ternos e gravatas,
produzindo uma poética corrosiva,vital e inquietante.Eu vejo gente
usando piercing e argolas no nariz , fazendo mil besteiras por aí. Não
preciso usar batas coloridas,cabelos longos e roupas psicodélicas,
para produzir coisa alguma. Se você não cultivar sua percepção, sua
sensibilidade e bom-humor diante do absurdo da existência, é porque
está morto por dentro.
5)Por que escolheu a carreira jurídica?
O exercício da advocacia é uma escolha que exige um apelo vocacional,porque
o advogado enfrenta problemas de naturezas diversas: redução do poder
aquisitivo, concorrência~etc... O advogado é um agente,um operador da
justiça,além de ser uma espécie de "psicólogo",porque atende inúmeras
pessoas,tendo que orientá-las da melhor forma possível
Hoje, o exercício da advocacia se faz perante muitas adversidades,mas
quem a exerce com amor,com ética e competência,sempre vence.
5.a Você gosta de psicologia?Pelo que entendi, enquanto advogado, vc
pratica certa psicologia.É intuitivo ou lê a respeito?O que lê ? Quais
seus autores prediletos?Parece que vc tem facilidade para entender a
natureza humana...
Não tenho nenhum autor preferido em psicologia. Em psicologia do
desenvolvimento estudamos SKINER,PIAGET e outros. Não sei se entendo a
natureza humana,seria muita pretensão!
Mas procuro ouvir,e ouvir não é fácil,mas voce aprende muito.
6)De que forma interessar-se pelo tai Chi?Gosta de ensinar?pratica
regularmente?
Estou em falta com o tai chi chuan,e pretendo retornar á prática
sistemática.Eu me interessei pelo tai chi, por motivos de ordem médica,em
1989. Tinha que emagrecer,recuperar minha saúde aos 28 anos de idade,porque
os exames indicavam altos índices de colesterol. Em Santo André/SP, fiz o
curso regularmente, recuperando-me satisfatóriamente,estudando também a
filosofia taoísta.Tive centenas de alunos,foi muito gratificante,pois voce
se sente beneficiado por ajudar pessoas com problemas de toda espécie, e a
amizade se consolida. A filosofia Chinesa é uma eterna fonte de inspiração
em minha vida.Mudei quase tudo em minha vida:alimentação, roupas (troquei o
jeans pelas roupas mais leves e confortáveis:calças de elanca ou
moleton,sapatilhas de kung fu),li os poetas orientais da antiguidade,fiz
retiros espirituais,chás, massagens,sexualidade ...
6.a)A seu ver, a humanidade ocidental hoje está muito longe de
praticar o TAO, o equilíbrio doYin e do Yang, por exemplo, no
trabalho, ou entre casais?
Nao podemos pensar na impossibilidade da sociedade ocidental praticar
o TAO,buscar equilíbrio no trabalho ou na vida conjugal. A prática do
tai chi é um aprimoramento,não podemos desistir,não podemos nos
submeter ao fracasso nunca! Tudo ocorre com a prática reiterada,que
poderá trazer ótimso benefícios á todos.
7)Cite as três pessoas mais importantes de sua vida e diga o porquê.
Minha mãe, meu filho e minha irmã. Costumo dizer que "mãe é sagrada,mais
sagrada que Glauber Rocha",porque a boa mãe é tudo para um filho,sua
raiz,seu esteio,sua inspiração constante.Meu filho está com 12 anos, e se
tornou meu melhor amigo, porque eu sou "pãe" (mãe e pai simultâneamente!,seu
modo de entender a vida ainda na pré-adolescência é também minha fonte de
inspiração. Minha irmã é quem nos ajuda a cuidar dele,e sem ela, tudo
seria muito difícil.
7.a)Hoje, muitos filhos são criados por um dos pais apenas, com ou sem
ajudas especiais(no seu caso, a mãe e a irmã).
Seu filho, que começa a experenciar a adolescência,alguma vez comentou
algo a respeito dessa situação específica/(responda a essa apenas se
o desejar))
Ás vezes o pai ,como no meu caso é uma espécie de "pãe",atuando com
pai e mãe. Tudo depende de muito diálogo, algumas palmadinhas se
necessário for, e aprendizando constante. Meu filho é o meu melhor
amigo e vice-versa. Meu filho Gabriel convive com imenso prazer ao
lado de minha irmã,mãe e eu. Estará completando 13 anos em 6 de abril,
é muito querido por nós todos, na escola e pela vizinhança.
8)Quais as suas relações com a música?Com o teclado?Com a MPB?
Minhas relações com a música ocorreram quando eu tinha 6 anos de idade,e
comecei a estudar acordeão,em Bauru/SP, em 1975 comecei a estudar piano
erudito, violão e sax tenor,tendo me formado em 1984.Depois,segui para
Marília/SP,e Santo André, fazendo shows e apresentações em teatro na capital
e no ABC paulista.Passei a gostar de MPB quando vi NARA LEÃO sendo
entrevistada por GRANDE OTHELO na tv Cultura/SP em meados da década de 80.
9)Desde quando vc cultua Nara Leão e essas outras personalidades sa
MPB:fale de cada uma delas, na sua ótica
NARA LEÃO não combina com cultuação, estátuas,idolatria...ela era avessa ao
estrelismo. Para mim,ela é referência, um atalho imprescindível para
entender um pouco mais nossa brasilidade.
Nara,além de excelente artista,e noss amais importante cantora, foi a
consciência necessária contra todas as intolerâncias e ditaduras
possíveis,de esquerda ou de direita. Glauber a colocava no primeiro time do
cinema novo.É preciso dizer mais???
TOM ZÉ ,eu o conheci pessoalmente quando fui á SÃO PAULO ser entrevistado
pelo ator ANTONIO ABUJAMRANA tv cultura/sp. TOM ZÉ é uma pessoa simples,um
compositor fundamental que sempre jogou dinamites nos pés do século vinte e
vinte e um.Uma cabeça maravilhosa,sem estrelismos,um homem do nordeste,que
fala para o mundo,uma consciência essencial nessa época de barbarismos,
vaidades,e mediocridades cotidianas.
TETÊ ESPÍNDOLA, que enviou-me discos lindos,cheios de brilho,simplicidade,o
canto dos pássaros...eu a conheci pessoalmente num show em praça púbica,aqui
em Araçatuba. Ela apresentou-me seu marido e compositor ARNALDO BLACK.Gente
linda de se ver e conhecer.
ARNALDO BAPTISTA (OS MUTANTES) enviou-me o cd LET IT BED, sensacional,um
mestre do rock ,um talento e uma referência para todos os loucos,músicos e
poetas.
Há os artistas que estão se lançando,como a doce cantora ÉRIKA MACHADO,de
Belô,produzida por JOHN (pato fu),a banda CONTINENTAL COMBO (SP), OS
AUTORAMAS (RJ), PLATO DVORAKI (RS),
os the darmalovers (RS), muitos outros
GLAUBER ROCHA, li recentemente um livro sobre ele,escrito por João Carlos
Teixeira.Todos os seus filmes e pensamentos devem ser lidos,nessa época de
cineminha ainda colonizado por Hollywood e assemelhados. Infelizmente, nosso
país ainda não descobriu Glauber, ainda não divulgou seus melhores
cineastas,autores,e críticos. Tudo é feito e orientado em feudos. O Brasil
ainda é o gigante que não despertou. Voce pode discordar das idéias e
atitudes de Glauber,mas não pode deixar de conhecê-lo,de aprimorar sua
percepção sobre esse país miserável. Não,nem mesmo o cinema europeu é
divulgado intensamente por aqui. E os filmes
africanos,latinos,chineses,japoneses etc..?Tudo é feito para emburrecer o
ser humano e controlá-lo!
9.a)Também li esse livro sobre Glauber e gosto muito de ler
biografias.De qualquer forma, mesmo você dizendo que não cuiltuiva
nara, sua referência a ela é constante em Telescópio e ainda vc
instituiu o Concrso de Poesias em comum com o Movimento Cultural
aBrace, querepresenta em sua cidade, que tem por característica o
"Troféu Nara Leão".Além disso, você sempre a menciona em seus
e-mails(a Glauber, a Tom Zé, mesmo nos e-mails).Na verdade, é uma
especie de referencial cult, csem culto, concorda?Acho lindo você
mostrar essa atitude constantes, consistente...Acho mesmo que colabora
e muito para que a memória deles seja efeiva, principalmente para a
gente jovem.Comente.
Quando nara,tom zé,glauber rocha ou qualquer outra personalidade são
citadas por mim, não se trata aqui de cultuação ou preferência
infundada.Esses artistas são parte das minhas preferências estéticas
e humanas. Ademais,tenho uma irresistível vocação para subverter o
convencionalismo da mídia conformista,então escrevo ao final do
email:"Que Nara e Glauber nos abençoem sempre!".Como não sou
catolicão,sinto-me livre para pedir a benção de dois artistas que
foram e sempre serão para mim,fontes de luz,charme,beleza,ousadia e
cultura brasileira universal. Essas citações constituem uma afirmação
de vitalidade,porque esses artistas resistiram ao entreguismo,á
canalhice habitual, á banalidade que cria raízes em todos os setores
da vida pública brasileira. Portanto,posso também partir dessas
referências para construir o meu caminho...porque escolhemos nossas
referências desde a infância,desde a estirpe familiar, nossas
afinidades comunitárias,religiosas, escolares,e artísticas. Ser membro
da
aBrace é uma honra,e o Troféu Nara Leão de Poesia, é uma forma de reconhecimento
de valorização da memória do artista brasileiro.
9.b)O que vc acha mais bonito (fisicamente )em Nara:os olhos
profundos?O sorriso largo:Os famosos joelhos arredondados?Rss...
Fisicamente? Nara era beleza pura.,nada escultural como Marta Rocha ou
Vera Fischer (as beldades da época),mas Ela tinha uma beleza
peculiar,especial que deixava seu encanto por onde ela passava.O que
sei é que Nara era muitotímidaEla ainda é a nossa cantora mais
importante. Mulheres muito inteligentes e talentosas não precisam de
outros atributos para brilhar em qualquer tempo e lugar.Foi assim com
Cora Coralina,Maria Bethânia,Susan Sontag,Rosa Luxemburgo, Dina Sfat,
Simone Beauvior
Cacilda Becker, Leila Diniz, Clarice Lispector, Sylvia Plath, Frida Khalo,etc...
9.c)E como pessoa, o que admira na artista?
além da beleza ,inteligência,talento e coragem, a simplicidade. Nara
nunca foi antipática com artistas ,amigos e fãs.
10)A Poesia é necessária?E a Música? Por que?
Poesia é vida,então é mais do que necessária,principalmente em nossos dias
de crime,guerra generalizada, destruição do planeta, cretinismo,esnobismo
intelectual, desgoverno, moralismo funesto,gente besta saindo em bloco pelas
ruas e cidades. O poeta conta o que poderia ter acontecido, não narra apenas
o fato,como faz o jornalista.Mas deve também ir à luta,ser um bruxo,como
diria ROBERTO PIVA. O poeta tem que mergulhar em novas percepções,todas as
artes (pintura,cinema,música,transgressões,teatro,ruas e florestas,culturas
orientais,afro,interplanetária..)
Poesia e Música condensadas. Música para ouvir,sentir,viver.Precisamos
expressar livremente nossos sentimentos,vendo o filme "Alphaville",de
Godard,voce compreende que ainda há repressão,controle dos setores
reacionários do poder,interagindo diabólicamente, diariamente,represando
esse desejo de liberdade. Procurar pelos extremos,experiências totais,sem
medo,porque o medo é o grande mal,e a sociedade ocidental foi educada pelo
medo!
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