sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Mestre Conga, Jadir Ambrósio
27/06/2006 12h15
Jadir Ambrósio e Mestre Conga na Stereoteca do Teatro da Biblioteca Estadual-BH
Sobre Mestre Conga;
Qdo fui convidada a fazer o encarte do Cd ,(leia-se Júlio Rosa ),procurei no Google e em outros sites de busca,o nome "Mestre Conga" e encontrei-o apenas na lista dos projetos aprovados pela Petrobrás.O projeto de Júlio,visava a discografia.
Entrevistei-o pessoalmente,conforme o escrito abaixo,postei em meu blog,enviei para meus grupos e listas naInternet,recebi dezenas de e-mail comentando a vivacidade do artista,o site da editora Guemanisse mandou pedir autorização para colocá-lo,jornalistas da capital mineira me ligaram pedindo seu telefone,reportagens saíram nos principais jornais da cidade,Mestre Conga está em vários eventos-sempre esteve,mas não alardeavam como ele bem merece...Da Terça Poética às páginas dos suplementos de Cultura.
Fico muito feliz.
Gostode saber que uma pequena semente,lançada porém com zelo,a entrevista abaixo,abriucaminhos,assim como o projeto aprovado pela petrobrás(
Vejam na foto,a expressão de alegria esfuziante do velho sempre novo compositor e sambista.
Não tenho mais notícias do projeto,mas quando o Cd sair,quero guardá-lo-e ouví-lo,pois marcou uma circunstãncia exemplar em minha vida de pessoa e psicóloga ,além de repórter:ver ao vivo o quanto uma ocupaçãoprazerosa enche de vigor qualquer idoso...
Li no caderno "Cultura",do jornal Hoje em Dia(24/05/2006).que Mestre Conga estará,com Jadir Ambrósio,outro veterano ,no dia 19 dejulho,no Teatro da Biblioteca Pública estadual(que fica na Praça da Liberdade,aqui em Belo Horizonte).
Esse ótimo projeto,denominado "Stereoteca,produzido por Danusa Carvalho,Wagner Merije, e Keila Monadjemi(um dos curadores desse projeto é o KikoFerreira,diretor artístico da Rádio Inconfidência.A Inconfidência ,comemora seus setenta anos de existência e no cesto comemorativo,está a cita Steroteca) teve início no último dia de maio pp.
Até setembro,já os nomes estão listados.Vou colocar,de julho em diante;
19/07:Mestre Conga e Jadir Ambrósio.
26/07:Renegado e Alexandre cardoso.
02/08:Pexbaa e Babilak Bah
09/08:Os Caras e Vander Lee.
16/08:SOS Periferria e Arautos do Gueto
22/08:Corta jaca e Auzier Vinicius
30/08:Khristoff Silva e Alieksey Vianna
06/09:DJ Roger e Makely Ka
13/09:Elisa Paraíso e Dona Jandira
20/09:Carlo Ed e Titane
27/09:Kiko Klaus e Chico Amaral.
Segundo falou a Alécio Cunha,na cita primeira página de "Cultura",Keila Monadjemi sinaliza que o espaço do teatro na Biblioteca Municipal,a seu gosto,deve ter "uma vocação musical".O projetopretende entrelaçar os veteranos aos nomes novos,o que será por certo,enriquecedor para o cenário musical mineiro.Ritmos como samba e choro,estarão tendo o mesmo espaço que o hiphop,o rap e quaisquer outros gêneros musicais.Vem de encontro ao que penso que detesto quandoalguém repete a metáfora "não li e não gostei",pois temos de ir,ver,ler,saber,para depois nos decidirmos por nossas prioridades e apreciações.E todo artista merece aplauso,do mambembe ao renomado.Todo gênero artístico deve ser conhecido.Fora preconceitos:o mundo é um grande leque de opções...
Texto de Clevane Pessoa Lopes, para encarte CD(setembro,2006,após entrevista)
MESTRE CONGA
José Luiz Lourenço,-o Mestre Conga-oriundo de Ponte Nova,cidade mineira,ainda criança,é a história viva do samba em Belo Horizonte.Participou ,mocinho ainda,dos primórdios das escolas de samba,que originaram,de maneira direta ou indireta, as atuais.Agora,octogenário,faz parte,na UFMG,da Faculdade do Samba,onde a velha guarda busca ensinar às novas gerações,as manhas do ritmo.
Figura bastante marcante,possui memória invejável,nomeando pessoais e datando acontecimentos com precisão.Seu apelido foi-lhe dado por colegas do Grupo Escolar Flávio dos Santos,quando participava,com o irmão,Oswaldo Luiz, da Guarda de Conga N.Sra.do Rosário,que era coordenada por “Antonio Grande: tinham de amarrar latinhas de massa de tomate nas pernas,para conseguir a necessária percussãoOs colegas,quando apareciam,apontavam:”olha os Congas”....Também foi essa iniciação que gerou nele o gosto pela dança,uma paixão,pelo público em redor,uma necessidade.
Mestre Conga gostava muito dessa atividade,desempenhada depois que iam para o serviço do pai,braçal,na lavoura.Conta que a mãe era dona de casa,ambos analfabetos.Dançavam o congado,habituando-se aos espectadores,que ficavam espiando a função.Ele fazia os passos,agachando e levantando.”A Conga,conta-me o mestre,música oriunda da América Central”foi proibida durante a Ditadura”-como tudo que estava relacionado a Cuba..Dançava como vassalo e no início, era acompanhado quase por toda a sua família,tios primos,restando por fim,o irmão e ele.O pai não gostava da Conga e sim de “dançar,ao som de sanfoninha de oito baixos”.Um dia,Seo Antônio,o capitão da Guarda,aborrecido com o adolescente,mandou-o para casa descansar.Ele não voltou mais.
Com treze para catorze anos,jogava futebol,em times que eles mesmos,da comunidade,formavam.Com a elasticidade adquirida na dança,por certo levava bem a bola.Logo,passou a se interessar por dança de salão,no Rádio Dançante Clube.Esmerava-se de segunda a sexta-feira, das 20 às 23 horas,mas ele e os amigos,não podiam freqüentar os bailes de domingo,por serem “de menor”.
Com quase dezessete anos,perde o pai.A mãe não consegue ter a mesma autoridade e dá mais liberdade aos jovens.No barro preto,havia um clube chamado “Original do Barro preto”freqüentado por pessoas mais escuras e humildes,conta.Havia outra casa dessa ,o “Original de Santa Efigênia”.
Nos Anos Quarenta,logo após a II Grande Guerra Mundial,sai na Bateria da escola de Samba “Surpresa”,que funcionava onde depois se instalou o Sindicato dos Tecelões em Belo Horizonte:
-“Ensaiávamos lá mesmo,no miolo da pedreira,à luz de lamparinas,já que não havia como usar eletricidade.”
Foi nesse local que surgiu a Primeira escola de samba da capital,fundada por Popó e Chuchu(1938).Popó era Mário Januário da Silva.Chuchu,José Dionísio de Oliveira.Antigamanete,denominados “Maiorais”.Mestre Conga fala sorridente e brandamente,com precisão,faz questão de nomear as pessoas.Na verdade,é a história viva do samba belorizontino ,legítima testemunha de todas essas décadas.Mestre Conga,fiel à verdade,diz que ,apesar de jamais ter sido componente da “Surpresa”,acompanhou-a muito,nas batalhas de confete,tão usadas na época.
A “Surpresa” era uma remanescente da “Escola de Samba Pedreira Unida”.Posteriormente,houve uma cisão entre Popó e Chuchu,”um racha”,explica.Popó,que era pandeirista da rádio Inconfidência, então,criou,na Barroca,bairro da capital,sua própria escola e,”por gozação,ou para irritar”,chamou-a de “Escola Primeira de Samba”.Chuchu,por sua vez,era tamborinista da Rádio Guarani.Os dois tocaram com muita gente famosa em sua época, como Geraldo Tavares,o Cancioneiro,Paulo César de Aguiar.
O jovem Mestre Conga,então volta para a gafieira.Nessa altura,ganhava a vida como sapateiro.Conta que afetou a vista direita, numa fábrica de calçados,ao colocar um rolo de arame em uma grampeadora .
Adora dançar desde mocinho dançar.Rememora sempre os conhecidos de sua época.
Nessa ocasião,conheceu uma grande sambista,que representou,para o samba da capital mineira,o que Tia Ciata foi para o samba do Rio de Janeiro.D.Lourdes Maria de Souza,conhecida como ”Lourdes Bocão”,mãe do “Nenê da Bateria”.Até hoje,aos noventa e quatro anos de idade,ela ainda sai na “Inconfidência Mineira”. Na gafieira, conheceu Plínio Saxofonista e Zé Luiz do Trombone,entre outros.Já do pessoal das rádios,a partir de 1958,conheceu Rui Martins,Maestro Ofir Mendes,o pandeirista e compositor Jair Silva,o Maestro da Rádio Inconfidência Moacir Pontes,o Maestro Dele(José Brás de Oliveira),já falecidos.Cita tr se encontrado,no Rio de janeiro,o maestro e pianista Guio de Moraes ,fala de Jadir Ambrósio,compositor.
Mestre Conga começa então a compor.Explica que ,à época,compunha-se apenas um verso,numa espécie de mote e os demais iam atrás,improvisando versos.A roda de samba era o que hoje chamam de pagode,acentua.
Da gafieira,através dos companheiros passistas,de escola de samba,em 1946,estreou na Surpresa,a cita remanescente da Pedreira Unida.Fazia seus próprios instrumentos,e por certo a profissão de sapateiro o ajudou a criar seus próprios tamborins.”Era jovem,dezessete anos,gostava de desfilar.”Em 1947,por motivos de paixão por alguém,deixou-se levar por um “Maioral” um fundador da Escola de Samba Remodelação da Floresta”,Ildeu Amaral da Silva.Nessa época, muita boa,teve início “verdadeiramente,a amor pelo samba.”
Dois concursos o marcaram muito, o da “Rainha do samba”,promovido pela Rádio Inconfidência,e o Concurso “Cidadão do Samba”,promoção dos Diários Associados,Estado de Minas,Diário da tarde e Rádio Guarani.Foram o “ponto alto” do carnaval deBelô.Em 1948 com pouco menos de 21 anos,foi o ganhador-e como cidadão do samba,”não parou mais”.Samba-enredo,algo mais elaborado,teve início,na capital mineira, de 1956 para cá.Então,passou a escrever letras mais completas.Sua Escola, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Inconfidência,para ele “muito querida,é a mais antiga, a mais pobrezinha”,afirma.Resulta de uma cisão da “Remodelação da Floresta”:ele,companheiros como Lourdes Bocão,Fefeu.Cici,Arroz,Severino,Silvio Porciano,Amintas,Alírio de Paula,além de familiares também engajados na nova escola,ensaiam até hoje,no terreiro de sua casa,no bairro Concórdia.
A partir daí,tomou gosto em escrever o samba de uma estrofe,improvisando o restante da composição, desse ano em diante(1956)-“Agora,a escola de samba deve apresentar sambas enredos inteiros,com alegorias”,explica.
Para Mestre Conga, o auge do carnaval na capital mineira,aconteceu na gestão do Prefeito Maurício Campos.O último bem administrado,foi na do prefeito Ferrara,em sua opinião.Agora,acredita que o desfile vai melhorar,com a promessa do sambródomo.
Gosta de todos os seus sambas,mas acredita ser o mais bonito um chamado “A Saga dos Índios na Terra das Gerais,que está para ser gravado pelo pessoal da “Faculdade do Samba”,que reúne a Velha Guarda na UFMG.Mestre Conga também acontece nos saraus do centro Cultural S.Bernardo(Lagoa do Nado).E sempre está proto para apresentações.
Este jovem octogenário,gosta do samba porque ele o mantém,”em movimento”e da confraria a que pertence,a de S. Vicente de Paula”.Claro,de futebol e de arte afro.Também sai todos os dias e cita :”melhor andar à toa,do que ficar à toa”,uma ds máximas de seu pai..
Para o carnaval de 2006,concorre com um samba-enredo, chamado “Petrobrás,Um Sonho Que Deu certo”.Diz que o é preciso sonhar:”O cidadão,o ser humano que pensa e tem um pouco de vaidade,está sempre sonhando”.Sente-se grato pelo projeto aprovado:”Veio como um presente de Deus,que inspirou ao Júlio César Coelho Rosa fazer esse projeto,sobre minha pessoa...Eu não esperava que,depois de velho,fosse ser assim útil,para ele ganhar a aprovação.Fico lisonjeado e satisfeito.Fui criado em família muito humilde e mesmo tendo perdido meu pai muito cedo,nem por isso me prostituí ou marginalizei.Chegando aos setenta e oito anos,pretendo encerrar a vida da maneira como sempre fui e sou:embora simples,tenho dentro de mim a vaidade que simboliza a auto-estima”.
Mestre Conga recebeu o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte,agraciado pelo “saudoso vereador Francisco Alves,depois Secretário de admnistração da capital mineira”.Pensa que,de seus momentos inesquecíveis,ter sido eleito “Cidadão do Samba”,em 1948,foi o momento mais significativo:”Me senti quase como um imperador”,entrega.Quandoa escola logra os primeiros lugares, a emoção é enorme,muita alegria,espera que ainda alcance novamente essa colocação.
Esse eterno “ Cidadão do Samba,de Belo Horizonte,posando ,no Palácio das Artes,para uma sessão de fotos,satisfeito e natural,revela no brilho dos olhos, que valeu a pena a espera pelo reconhecimento de sua trajetória.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Escritora e psicóloga
(01/09/2005)
Texto resultante da entrevista,que aconteceu no Palácio das Artes,sem nenhum sinal de cansaço pelo velho sambista.Quando nos despedimos na porta,ele seguiu e ao atravessar a Av. Afonso Pena,virei-me para olhá-lo.Andava lépido,como se dançasse,como se ouvisse música...
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte,05/08/2005
13/09/2005 20h26
MEU ENCONTRO COM JADIR AMBRÓSIO
Em 27 de junho de 2006
Há pouco tempo,no evento Poesia Abraça a música,que reúniu no Teatro Chico Nunes,37 músicos,musicistas e poeta,declamadores e performáticos, conheci Jadir Ambrósio.
Deu-se que peguei um táxi e cheguei ao Parque Municipal, onde se situa o referido teatro Francisco Nunes.
Pelo portão que dá para a Av Afonso Pena, entrou perto de mim, uma leva bem variada de pessoas, de várias idades,pois escolas mandaram seus adolescentes.
Ao descer a rampa, vi os que esperavam por algo ou alguém e, pelos vidros do hall, os que lá estavam.Fiquei por uns momentos breves,sem saber como proceder,pois ia me apresentar e sempre fôra lá como expectadora ou representando a Casa da Criança e do Adolescente,que coordenava,no HJK.Perguntei pela entrada dos artistas e o Jadir ,que já havia feito o mesmo,andou ligeiramente atrás de mim.Descemos a rampa e virei-me para conversar com ele.Negro alto e elegante,de cabelhos em capulhos de algodão,sorriso aberto.
Contou-me que seu acompanhante não viera,por isso,nãoia poder se apresentar."Que pena",eu disse,com tantos músicos,um deles não o acompanharia?"Ele se espantou.explicando que é preciso ensaiar.O que bem sei,pois sou mãe de músico e sei a importância da perfeita harmonia entre os músicos ,para os números apresentados...
Nos bastidores,camarins e coxias,todos os procuravam.
Eu andava a ver conhecidos e num momento,aproximei-me ,a tempo de vê-lo,bem baixinho,enquanto dava seus passos,cantar uma das músicas que defende.
Em vez de irritar-se acintosamente,se ficou frustrado por não aprecer para o grande público,Jadir Ambrósio tratou foi de proceder conforme a sua essência:ser artista.E o aplaudimos sem fazer barulho,o que fez brotar um grande sorriso no seu rosto quase sem rugas.
Benditos sambistas!
Quem puder,vá vê-los,Jadir Ambrósio,e Mestre Conga,conforme salienta Aécio cunha:da seara do samba mineiro(19/07) no Teatro da Biblioteca municipal.às vinte horas,sempre ás quartas feiras,como também aos demais artistas...
13/09/2005 20h26
Mestre Conga,Press release
Mestre Conga
◊◊ Press Release ◊◊
A Petrobrás, entre muitos outros projetos, escolheu o de Júlio César Coelho Rosa, que visa promover a história do mineiro José Luiz Lourenço, mais conhecido como Mestre Conga.O apelido, o sambista traz da infância, quando pertencia a uma Guarda de Conga. O autor do cito projeto visa resgatar, através da própria história desse personagem, a história do Samba e do Carnaval de Belo Horizonte.
Oriundo de Ponte Nova,nascido em 1927 onde o pai era lavrador, cedo Mestre Conga, sempre fascinado pelo ritmo, entrosou-se às gafieiras e posteriormente às escolas de samba.
Em 1948,o jovem artista recebe o título de Cidadão do Samba, que até hoje, lhe cai como uma luva. O concurso,um dos pontos altos do carnaval da época,era promovido pelos Diários Associados:jornais Estado de Minas,Diário da Tarde e Rádio Guarani,contraposto ao da Rainha do Samba,organizado pela Rádio Inconfidência.
Como exerce a profissão de sapateiro, quando convidado para integrar os percussionistas da Escola de Samba “Surpresa”,como tamborinista,ele próprio confecciona seu instrumento.
Mestre Conga narra que os samba-enredos eram feitos coletivamente: fazia-se um mote,cujos versos, nas rodas de samba, segundo ele, a mesma coisa que os “pagodes” de hoje, eram seguidos pelos compositores. O “samba de estrofe”, somente teve lugar “de 1956 para cá, explica”.
Lépido, sorridente,dono de memória privilegiada,faz parte, com outros veteranoas,da Faculdade do Samba da UFMG. Sua escola atual é a “Grêmio Recreativo Escola de Samba Inconfidência”, cujos ensaios acontecem no terreiro de sua casa.
Mestre Conga terá, como ponto alto do projeto, o lançamento do Cd “Decantando em Samba”.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
(dados obtidos em entrevista)
Publicado por clevane pessoa de araújo em 27/06/2006 às 12h15
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